terça-feira, 5 de novembro de 2013

Par de estrelas jovens brilha intensamente

Ao contrário de muitas galáxias, nossa Via Láctea produz grandes quantidades de estrelas novas. Para estudar essas estelares jovens, observadores frequentemente se concentram em locais  como a Nebulosa de Órion, uma nuvem de gás e poeira que fabrica estrelas a 1.350 anos-luz de distância.

ilustração de um par de estrelas vermelhas

© ESO/L. Calçada (ilustração de um par de estrelas vermelhas)

Agora astrônomos descobriram que um par de estrelas vermelhas próximas, chamadas de EQ Pegasi, é tão jovem que brilha principalmente devido ao calor de sua formação, e não de reações nucleares.
A descoberta pode dar a astrônomos a chance de vislumbrar o brilho de planetas recém-nascidos, já que as EQ Pegasi ficam a apenas 20 anos-luz da Terra, menos de cinco vezes a distância até Alpha Centauri, o sistema estelar mais próximo.
Para esclarecer, as EQ Pegasi não são tão jovens ao ponto de ainda ficarem imersas no gás e poeira que lhes deu vida. “Minha impressão é que elas têm algo entre 50 ou 100 milhões de anos”, estima Benjamin Zuckerman da University of California, Los Angeles, o astrônomo que descobriu as jovens estrelas. Se nosso Sol, com 4,6 bilhões de anos de idade fosse um adulto de 46, as EQ Pegasi não teriam mais de um ano de idade. 
A descoberta foi um acidente. Zuckerman estava estudando estrelas jovens mais distantes e percebeu que as EQ Pegasi poderiam estar se movendo junto com elas. Em seguida, notou que as duas estrelas tinham uma luminosidade anormal, um sinal de sua juventude.
Uma estrela se forma quando uma nuvem de gás e poeira interestelar colapsa sob seu próprio peso. Conforme a gravidade comprime o gás, ele se aquece, como faz o gás comprimido, até brilhar, assim nasce uma nova estrela, que deve a maior parte de sua luz à gravidade, e não às reações nucleares. Durante a fase da chamada pré-sequência-principal a estrela é maior e, portanto, mais brilhante do que seria se estivesse mais madura. A estrela encolhe lentamente e seu brilho diminui até atingir a sequência principal, o estágio em que o núcleo estelar converte hidrogênio em hélio e fornece toda a energia da estrela.
Nosso Sol brilhou durante 50 milhões de anos como uma estrela pré-sequência-principal. O sistema EQ Pegasi tem duas anãs-vermelhas, estrelas que são muito menores, mais frias e tênues que o Sol. Essas estrelas são muito mais numerosas que todos os outros tipos estelares juntos, mas são tão fracas que nenhuma delas é visível a olho nu. Uma anã-vermelha evolui lentamente e permanece na fase pré-sequência-principal, abastecida pela gravidade, por mais de 100 milhões de anos, com um brilho mais forte que o de estrelas da sequência-principal com a mesma cor. “As duas estrelas do sistema EQ Pegasi parecem ter uma luminosidade maior do que teriam se fossem apenas estrelas comuns da sequência principal”, explica Zuckerman. O sistema EQ Pegasi tem as duas estrelas pré-sequência-principal mais próximas da Terra.
Adric Riedel, astrônomo do Hunter College, acredita que Zuckerman esteja certo. Há dois anos, Riedel descobriu a recordista anterior, uma estrela pré-sequência-principal ao sul da constelação Órion chamada de AP Columbae, que fica a 27 anos-luz da Terra.
Riedel examinou espectros não publicados do sistema EQ Pegasi para verificar a gravidade de superfície de suas duas estrelas. A gravidade na superfície de uma estrela pré-sequência-principal é pequena, já que a estrela é mais extensa que uma da sequência principal. De acordo com Riedel: “As estrelas do sistema EQ Pegasi têm pouca gravidade, de maneira convincente. Então sim, eu diria que elas realmente são jovens.”
Estrelas recém-nascidas perto da Terra empolgam caçadores planetários: “Isso as torna alvos interessantes  para buscas de imageamento direto de planetas extrassolares”, observa Sascha Quanz, astrônomo do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Zurique. Assim como estrelas jovens, planetas gigantes de pouca idade também brilham com o calor de seu nascimento; além disso, devido à sua proximidade com a Terra, os planetas devem aparecer mais longe do brilho de sua estrela, o que os torna mais fáceis de ver. Observar um planeta diretamente dá aos astrônomos a chance de estudar sua atmosfera. Quanz procurou planetas ao redor de AP Columbae, mas não conseguiu ver nenhuma. “Nós conseguiríamos ver um planeta gigante gasoso com a massa de Júpiter com uma separação de cinco UA (unidade astronômica, é a distância média do Sol à Terra), que é a separação de Júpiter em nosso Sistema Solar”, descreve Quanz.

O sistema EQ Pegasi fica sete anos-luz mais próximo de nosso planeta que AP Columbae, o que o torna um excelente alvo para caçadores de planetas. Como o EQ Pegasi é um sistema binário, porém, planetas não podem simplesmente existir em qualquer parte dele. As duas anãs-vermelhas ficam aproximadamente tão distantes uma da outra quanto Netuno do Sol. Planetas poderiam ter órbitas próximas de uma das estrelas, para que a gravidade da outra não os atraia. Ou poderiam ter órbitas bem vastas ao redor dos dois tênues sóis.
“Essa descoberta é mais uma prova de que ainda não conhecemos nossos vizinhos mais próximos muito bem”, observa Riedel. “Existem muitas surpresas na vizinhança”.

Fonte: The Astrophysical Journal e Scientific American

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