terça-feira, 7 de julho de 2015

Contando estrelas com o Gaia

A imagem abaixo com base nos dados do satélite Gaia da ESA, não é uma representação comum dos céus. Embora a imagem retrate o esboço da nossa Galáxia, a Via Láctea, e das suas vizinhas, as Nuvens de Magalhães, foi obtida de uma forma bastante invulgar.

mapa de densidade estelar da Via Láctea

© ESA/Gaia/Edmund Serpell (mapa de densidade estelar da Via Láctea)

À medida que o Gaia varre o céu para medir posições e velocidades de bilhões de estrelas com uma precisão sem precedentes, para algumas estrelas também determina a sua velocidade através do sensor da câmara. Esta informação é usada em tempo real pelo sistema de controle de atitude e órbita a fim de garantir que a orientação do satélite é mantida com a precisão desejada.

Estas estatísticas de velocidade são frequentemente enviadas para a Terra, juntamente com os dados científicos. Incluem o número total de estrelas, usadas no circuito de controle de atitude, que são detetadas a cada segundo em cada um dos campos de visão do Gaia.

Foi este último conjunto de dados, basicamente uma indicação da densidade de estrelas pelo céu, o usado para produzir esta visualização invulgar da esfera celeste. As regiões mais brilhantes indicam concentrações mais altas de estrelas, enquanto as regiões mais escuras correspondem a áreas do céu onde são observadas menos estrelas.

O plano da Via Láctea, onde a maioria das estrelas da Galáxia residem é, evidentemente, a região mais brilhante da imagem, estendendo-se na horizontal e especialmente brilhante no centro. As regiões mais escuras em toda esta vasta faixa de estrelas, conhecida como Plano Galáctico, correspondem a nuvens interestelares e densas de gás e poeira que absorvem luz estelar ao longo da linha de visão.

O Plano Galáctico é a projeção sobre o céu do disco Galáctico, uma estrutura achatada com um diâmetro de aproximadamente de 100.000 anos-luz e uma altura vertical de apenas 1.000 anos-luz.

Para além do plano apenas são visíveis alguns objetos, principalmente a Grande e a Pequena Nuvem de Magalhães, duas galáxias anãs que orbitam a Via Láctea e que se destacam na parte inferior da imagem.

Alguns aglomerados globulares - grandes aglomerados com até milhões de estrelas mantidas juntas pela sua gravidade mútua - polvilham também os arredores do Plano Galáctico. Os aglomerados globulares, a população mais antiga de estrelas da Galáxia, situam-se principalmente num halo esférico que se estende até 100.000 anos-luz do centro da Via Láctea.

O aglomerado globular NGC 104 é facilmente visível na imagem, à esquerda imediata da Pequena Nuvem de Magalhães. Outros aglomerados fechados destacam-se na versão legendada da imagem.

Curiosamente, a maioria das estrelas brilhantes visíveis a olho nu e que formam as constelações do céu, não estão contabilizadas na imagem porque são demasiado brilhantes para serem usadas pelo sistema de controle do Gaia. Da mesma forma, a Galáxia de Andrômeda, o maior vizinho galáctico da Via Láctea, também não se destaca na imagem.

Contraintuitivamente, apesar do Gaia transportar uma câmara de bilhões de pixéis, não é uma missão destinada a obter imagens do céu: está fazendo o maior e mais preciso mapa 3D da nossa Galáxia, fornecendo uma ferramenta crucial para o estudo da formação e evolução da Via Láctea.

Fonte: ESA

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