domingo, 26 de julho de 2015

Em busca das ondas gravitacionais

Há cem anos, Albert Einstein declarava que o universo é atravessado pelas chamadas 'ondas gravitacionais'.

ilustração de ondas gravitacionais

© Max Planck Institute for Gravitational Physics/W.Benger (ilustração de ondas gravitacionais)

As ondas gravitacionais são ecos produzidos pela expansão inicial do Universo, responsáveis por modulações no espaço e no tempo. Supostamente, essas ondas podem ajudar-nos a conhecer melhor fenômenos como os buracos negros. Mas tudo isto é ainda teórico, porque continuamos à procura de provas da sua existência.

No entanto, Paul McNamara da Agência Espacial Europeia (ESA), fala com convicção: "As ondas gravitacionais vêm de todo o Universo. Atravessam as estrelas, as galáxias, a Terra, tudo."E Michèle Heurs, professora na Universidade Leibniz, em Hanover, recorre a imagens para falar do assunto: "Se eu for atingida por uma onda gravitacional, posso tornar-me mais alta e estreita, ou mais larga e achatada, mas em proporções ínfimas."

A questão está em finalmente conseguir detectá-las e comprovar a teoria. Por isso, foram construídos sistemas de elevadíssima precisão para tentar identificar estas remotas modulações. Um deles encontra-se em Hanover, o GEO600. "Ele tem braços que se estendem ao longo de 600 metros para um lado e para o outro. Numa vala existe um tubo de vácuo onde se ativam feixes de laser de alta intensidade", explica Karsten Danzmann, diretor do "Instituto Albert Einstein", em Hanover.

A experiência consiste em medir a diferença relativa no comprimento dos dois feixes de laser. Uma onda gravitacional provocaria uma ligeira, mas mensurável, alteração nos dois raios. Nas expectativas, não há relatividade: se estas ondas forem identificadas, será uma revolução no mundo da astronomia.

Segundo Michèle Heurs, "é uma outra janela para o Universo. Até agora, as observações fazem-se através de ondas eletromagnéticas e neutrinos. As ondas gravitacionais representam uma forma completamente diferente de olhar para o Universo, que não assenta na emissão do que pensamos ser luz."

"A única forma de radiação que um buraco negro emite é gravitacional. Isto porque um buraco negro distorce o espaço e o tempo à sua volta, criando modulações que se propagam e nos vêm contar exatamente o que aconteceu", remata Karsten Danzmann.

Se quisermos multiplicar as possibilidades de detetar estas ondas, temos de ir rumo ao espaço. Por isso, a ESA está criando um módulo sem paralelo, o LISA Pathfinder, que será lançado por volta de outubro deste ano.

Paul McNamara, coordenador do projeto na ESA, conta que começou a trabalhar nos detectores espaciais de ondas gravitacionais há 21 anos.

Na verdade, o LISA Pathfinder não vai medir ondas gravitacionais. Vai sim testar a tecnologia para o fazer, que assenta em dois cubos de ouro platinado que flutuam livremente no interior do módulo para registar as mais pequenas alterações. Se funcionar, amplia-se a magnitude da missão, com três naves alinhadas através de lasers.

"Depois do LISA Pathfinder, lançamos as outras duas naves e iremos posicioná-las a 5 milhões de quilômetros de distância. Cada módulo terá um cubo e nós medimos a distância entre eles", complementa McNamara.

Karsten Danzmann não hesita em realçar que "todo o Universo interage através da gravidade. Nós esperamos que as ondas gravitacionais nos permitam descobrir o lado obscuro do cosmo. Ninguém sabe o que vamos encontrar."

Fonte: ESA

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