quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O sistema estelar complexo Delta Orionis

Órion é uma das constelações mais reconhecíveis do céu. Uma das características mais famosas do Caçador é a seu "cinturão", três estrelas brilhantes que formam uma linha, cada uma das quais pode ser vista sem telescópio.

sistema estelar Delta Orionis

© Chandra/M. Corcoran/Eckhard Slawik (sistema estelar Delta Orionis)

A estrela mais ocidental do cinturão de Órion é conhecida oficialmente como Delta Orionis, sendo observada há séculos por todo o mundo, também tem outros nomes em várias culturas, como Mintaka. Os astrônomos modernos sabem que Delta Orionis não é simplesmente uma única estrela, mas um sistema múltiplo complexo.

Delta Orionis é um pequeno grupo estelar com três componentes e cinco estrelas no total: Delta Ori A, Delta Ori B e Delta Ori C. Delta Ori B e Delta Ori C são estrelas individuais e libertam pequenas quantidades de raios X. Delta Ori A, por outro lado, tem uma forte emissão de raios X e é um sistema triplo.

Em Delta Ori A, duas estrelas pouco separadas orbitam-se uma à outra a cada 5,7 dias, enquanto a terceira orbita este par com um período de mais de 400 anos. A estrela mais massiva (a estrela primária) neste par estelar tem 25 vezes a massa do Sol, enquanto a mais leve (a estrela secundária), tem cerca de dez vezes a massa do Sol.

O alinhamento deste par de estrelas, a partir do ponto de vista da Terra, permite com que uma estrela passe em frente da outra durante cada órbita. Esta classe especial de sistema estelar é conhecida como "binária eclipsante" e fornece uma maneira direta de medir a massa e o tamanho das estrelas.

As estrelas massivas, embora relativamente raras, podem ter um profundo impacto sobre as galáxias que habitam. Estas estrelas gigantes são tão brilhantes que a sua radiação sopra ventos de material estelar, afetando as propriedades químicas e físicas do gás nas suas galáxias hospedeiras. Estes ventos estelares também ajudam a determinar o destino das próprias estrelas, que eventualmente explodem como supernovas e deixam para trás uma estrela de nêutrons ou um buraco negro.

Ao observar este binário eclipsante de Delta Orionis A (denominado Delta Ori Aa) com o observatório de raios X Chandra da NASA durante o equivalente a seis dias, uma equipe de pesquisadores recolheu informações importantes sobre as estrelas massivas e como os seus ventos desempenham um papel na sua evolução e afetam os arredores. A imagem do Chandra pode ser vista na inserção da imagem ótica da constelação de Órion obtida por um telescópio terrestre.

Dado que Delta Ori Aa é o mais próximo e massivo binário eclipsante, pode ser usado para descodificar a relação entre as propriedades estelares derivadas dos observatórios ópticos e as propriedades do vento estelar, que são reveladas pela emissão de raios X.

A estrela companheira de menor massa em Delta Ori Aa tem um vento estelar muito fraco e é muito tênue em raios X. O Chandra é utilizado para observar como a estrela companheira bloqueia várias partes do vento da estrela mais massiva. Isto permite com que os cientistas observem o que acontece ao gás que emite raios X ao redor da estrela primária, ajudando a responder à pergunta de longa data: de onde, no vento estelar, é formado o gás que emite raios X? Os dados mostram que a maioria da emissão de raios X vem do vento da estrela gigante, e é provavelmente produzido por choques resultantes de colisões entre aglomerados velozes de gás embebidos no vento estelar.

Os pesquisadores também descobriram que a emissão de raios X de certos átomos no vento de Delta Ori Aa muda à medida que as estrelas no binário se movimentam. Isto pode ser provocado por colisões entre os ventos das duas estrelas, ou por uma colisão do vento da estrela primária com a superfície da estrela secundária. Esta interação, por sua vez, impede algum do vento da estrela mais brilhante.

Os dados ópticos paralelos pelo MOST (Microvariability and Oscillation of Stars Telescope) da Agência Espacial Canadense revelaram evidências de oscilações da estrela primária produzida por interações gravitacionais entre a primária e a estrela companheira à medida que viajam nas suas órbitas. As medições das mudanças de brilho no visível, além de uma análise detalhada dos espectros ópticos e ultravioletas, foram usadas para refinar os parâmetros das duas estrelas. Os pesquisadores foram também capazes de resolver algumas inconsistências anteriores entre os parâmetros estelares e os modelos de como as estrelas evoluem com o tempo.

Estes resultados foram publicados em quatro artigos coordenados da revista The Astrophysical Journal.

Fonte: Marshall Space Flight Center

Nenhum comentário:

Postar um comentário