segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Encontrada uma nova classe de buracos negros

Alguns buracos negros são pequenos. Alguns buracos negros são gigantes. Mas estranhamente, na luta cósmica entre estrelas passageiras inocentes e buracos negros vorazes, os cientistas nunca encontraram um buraco negro de tamanho médio. Até agora.

aglomerado globular 47 Tucanae

© Hubble (aglomerado globular 47 Tucanae)

O aglomerado de estrelas 47 Tucanae (NGC 104), localizado a cerca de 13.000 a 16.000 anos-luz da Terra, é uma densa bola de estrelas. Centenas de milhares de estrelas compactadas em um espaço de 120 anos-luz emitem raios X e raios gama, mas até a data, nenhum buraco negro havia sido encontrado neste aglomerado globular. O centro parecia consistente para a possibilidade de encontrar um, mas uma falta de eventos de ruptura de maré e um emaranhado de estrelas dificultou a identificação de qualquer buraco negro escondido.

O Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics voltou-se para duas táticas para encontrar o buraco negro em vez disso. Na primeira, foi observado o movimento das estrelas no aglomerado, e compararam a taxa de rotação com o que aconteceria se um buraco negro estivesse presente. Na segunda, foi observado a posição dos pulsares no aglomerado globular.

Os buracos negros são os objetos mais densos do Universo. Mas as estrelas de nêutrons (que incluem os pulsares) são objetos também densos, como ambos podem resultar de eventos semelhantes em que uma estrela gigante se torna uma supernova e seu núcleo denso estelar colapsa (embora alguns outros mecanismos podem criar buracos negros).

Se os pulsares fossem os maiores objetos do aglomerado globular, estariam mais próximos do núcleo e atuariam como principais atrativos gravitacionais. Mas, os pulsares estão espalhados pelo aglomeradoao invés de se reunir no centro do aglomerado.

Tudo isso sugere que um buraco negro de 2.200 massas solares está no centro de 47 Tucanae. Até agora, porém, os astrônomos normalmente só encontraram buracos negros de menos de 100 ou acima de 10.000 massas solares. Acredita-se que estes buracos negros de massa intermediária sejam sementes de buracos negros supermasivos. À medida que os buracos negros se abastecem, ganham massa.

Os buracos negros de massa intermediária podem formar-se a partir de várias estrelas em um aglomerado denso em colapso, com os buracos negros resultantes se fundindo e criando um buraco negro maior. Eles também poderiam ser buracos negros que acumulam massa ao longo do tempo; e, de fato, 47 Tucanae tem 12 bilhões de anos de idade, dando tempo suficiente para absorver matéria. Há também um cenário em que, logo após o Big Bang, certas áreas do Universo em expansão eram tão densas que formaram buracos negros pouco depois do evento.

Encontrar mais buracos negros de médio porte pode ser difícil. Os buracos negros, especialmente os maiores, tipicamente limpam sua área de detritos. Mas se uma estrela infeliz cruzar com um, o evento resultante poderia ser detectado, permitindo a observação de um buraco negro de massa intermediária em ação.

A pesquisa foi publicada na revista Nature.

Fonte: Astronomy

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