sexta-feira, 20 de abril de 2018

Em busca das irmãs do Sol

Um grupo australiano de astrônomos, atuando com colaboradores europeus, revelou o "DNA" de mais de 340.000 estrelas na Via Láctea, o que deverá ajudar a encontrar as irmãs do Sol, agora espalhadas pelo céu.

espectro do Sol

© Nigel Sharp (espectro do Sol)

Este é um grande anúncio de um ambicioso levantamento de arqueologia galáctica, chamado GALAH (GALactic Archaeology with HERMES), lançado no final de 2013 como parte de uma missão para descobrir a formulação e evolução das galáxias. Quando concluído, o GALAH terá investigado mais de um milhão de estrelas.

O Levantamento GALAH fez o seu primeiro grande lançamento público de dados, usando o espectrógrafo HERMES do Telescópio Anglo-Australiano de 3,9 metros do Observatório Astronômico Australiano, Nova Gales do Sul, para obter os espectros das 340.000 estrelas.

O "DNA" recolhido traça a ancestralidade das estrelas, mostrando aos astrônomos como o Universo passou de apenas hidrogênio e hélio, logo após o Big Bang, para todos os elementos que temos aqui na Terra que são necessários para a vida.

Estes dados permitirão descobertas como os aglomerados estelares originais da Galáxia, incluindo o grupo natal do Sol e as suas irmãs solares, não há nenhum outro conjunto de dados como este já obtido em qualquer outro lugar do mundo.

O Sol nasceu num glomerado de milhares de estrelas, onde cada estrela neste aglomerado terá a mesma composição química, sendo que estes aglomerados foram rapidamente separados pela Via Láctea e estão agora espalhados pelo céu.

Para cada estrela, este assinatura química é a quantidade que contêm de cada um de quase duas dúzias de elementos químicos como oxigênio, alumínio e ferro.

A luz da estrela é recolhida pelo telescópio e passa depois por um instrumento chamado espectrógrafo, que divide a luz em arco-íris detalhados. Cada elemento químico deixa um padrão único de bandas escuras em comprimentos de onda específicos nestes espectros, como impressões digitais.

A medição da abundância de cada elemento em tantas estrelas é um enorme desafio. Para o fazer, o GALAH desenvolveu técnicas sofisticadas de análise.

Os astrônomos utilizaram o programa de computador, denominado The Cannon, para reconhecer padrões nos espectros de um subconjunto de estrelas, e depois determinar a quantidade de cada elemento das estrelas. Este programa honra Annie Jump Cannon, uma astrônoma americana pioneira na classificação dos espectros de mais ou menos 340.000 estrelas, manualmente, ao longo de várias décadas há um século atrás, este código analisa esta quantidade de estrelas em muito maior detalhe em menos de um dia!

O lançamento dos dados do levantamento GALAH foi previsto para coincidir com a enorme divulgação de dados no dia 25 de abril do satélite Gaia da ESA, que tem vindo a mapear mais de 1,6 bilhões de estrelas na Via Láctea, tornando-o de longe e até à data o maior e mais preciso atlas do céu noturno.

Em combinação com as velocidades do GALAH, os dados do Gaia fornecerão não só as posições e distâncias das estrelas, mas também os seus movimentos dentro da Via Láctea.

Os onze artigos científicos que acompanham esta divulgação de dados foram simultaneamente publicados na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e na Astronomy and Astrophysics.

Fonte: University of Sydney

Nenhum comentário:

Postar um comentário