quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Descoberto planeta potencialmente habitável perto da Terra

Astrônomos americanos informaram a descoberta de um planeta do tamanho da Terra e com condições de ser habitado em órbita de uma estrela próxima.
Gliese 581g
© Lynette Cook (ilustração do planeta Gliese 581g)
O planeta, encontrado por astrônomos da Universidade Santa Cruz (UCSC), na Califórnia, e do instituto Carnegie de Washington, está localizado em uma "zona habitável" em órbita da estrela anã vermelha Gliese 581, o que significa que pode haver água em sua superfície.
A água líquida e a atmosfera são necessárias para que um planeta possa potencialmente ter vida, mesmo que não seja um lugar muito agradável para se viver. Os pesquisadores determinaram que o planeta, batizado de Gliese 581g, em um período orbital de 36,6 dias, uma massa que pode estar entre 3,1 vezes e 4,3 vezes a massa da Terra e um raio até 50% maior que o terrestre. O planeta Gliese 581g não é o primeiro planeta encontrado dentro da zona habitável dessa estrela; outro planeta, o Gliese 581d, descoberto em 2007, tem a maior parte de sua órbita dentro dessa região do espaço. No entanto, Glliese 581d tem sete vezes a massa terrestre, o equivalente a metade da massa do planeta gigante Urano. A estrela também abriga um dos planetas extrassolares de menor massa, Gliese 581e, com 90% mais massa que a Terra, mas Glliese 581e fica muito perto do astro, a distância que o separa da estrela é de apenas 3% da que existe entre a Terra e o Sol.
A seguir uma imagem comparativa mostrando se o planeta Gliese 581g estivesse localizado no Sistema Solar.
órbita de Glise 581g se estivesse no Sistema Solar
© NSF (órbita de Gliese 581g no Sistema Solar)
Sua massa indica que provavelmente é um planeta rochoso com suficiente gravidade para possuir atmosfera, segundo Steven Vogt, professor de astronomia e astrofísica da UCSC e um dos chefes da equipe que descobriu o planeta.
Se Gliese 581g tiver uma composição rochosa parecida com a Terra, seu diâmetro seria de 1,2 a 1,4 vezes ao do nosso planeta. A gravidade na superfície seria igual ou um pouco maior à da Terra, o que significa que uma pessoa poderia andar a pé facilmente.
Gliese 581g foi descoberto por cientistas que trabalham no Lick-Carnegie Exoplanet Survey, que há 11 anos observam a estrela anã vermelha Gliese 581, localizada a apenas 20 anos-luz da Terra.
Fonte: Astrophysical Journal

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Novo supertelescópio vê primeiro asteroide potencialmente perigoso

O telescópio PS1, equipado com a melhor câmera digital do mundo e que se tornou operacional em junho, descobriu um asteroide que chegará a 6 milhões de quilômetros da Terra em meados de outubro. O objeto tem cerca de 50 metros de diâmetro e foi encontrado em imagens de 16 de setembro, quando se encontrava a 30 milhões de quilômetros.
asteroide 2010 ST3
© PS1SC (asteroide 2010 ST3 feita pelo telescópio PS1)
Trata-se do primeiro objeto potencialmente perigoso encontrado pela busca Pan-STARRS (sigla em inglês, Telescópio de Busca Panorâmica e  Sistema de Resposta Rápida). O asteroide foi designado 2010 ST3.
"Embora esse objeto em particular não vá atingir a Terra no futuro imediato, a descoberta mostra que o Pan-Starrs é o sistema mais sensível dedicado a descobrir asteroides potencialmente perigosos. Este objeto foi detectado quando ainda estava longe demais para ser visto em outras buscas", disse Robert Jedicke, membro do Consórcio Científico PS1.
A maioria dos maiores objetos potencialmente perigosos já foi catalogada, mas pesquisadores suspeitam que há um grande número de corpos com menos de 1,5 km de diâmetro e que ainda não foram vistos. Esses corpos poderiam causar danos graves em escala regional caso atinjam a Terra. Impactos desse tipo ocorrem, de acordo com estimativas, numa escala de milhares de anos.
 telescópio PS1
© PS1SC (telescópio PS1)
O consórcio responsável pelo Pan-STARRS espera que o sistema detecte dezenas de milhares de novos asteroides a cada ano, e com precisão suficiente para calcular suas órbitas.
Qualquer objeto de tamanho considerável que apresente uma boa chance de se aproximar da Terra nos próximos 50 anos será catalogado como "potencialmente perigoso" e monitorado.
Fonte: Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Colisão de galáxias aumenta força de raios cósmicos

Pesquisadores da Universidade de Leiden, Holanda, descobriram que colisões de galáxias produzem energia que formam gigantes aceleradores de partículas que geram raios cósmicos de alta energia que batem na Terra.
ondas de choque geradas pela colisão de galáxias
 © U. Leiden/R J van Weeren (ondas de choque) 
Na imagem o arco em vermelho revela a emissão de ondas de rádio e a nuvem de plasma em azul é devida a emissão de raios X. Estas ondas de choques ocorrem durante a colisão de duas galáxias, conhecidas como CIZA J2242.8+5301.
As colisões entre galáxias produzem ondas elétricas cujo campo magnético aumenta a força de prótons e elétrons para altas energias, formando os raios mais fortes. Foram usados na pesquisa rádio telescópios na Holanda, Índia e Estados Unidos para captar imagens do brilho formado nos arredores de dois agrupamentos de galáxia colidindo. A energia das ondas de rádio mudou em volta do arco brilhante formado de uma maneira igual aos modelos de aceleração de partículas.
As ondas elétricas se estendem por 6 milhões de anos-luz. A aceleração com o choque de galáxias pode aumentá-la para milhões de vezes maior que as partículas de qualquer átomo e que qualquer raio cósmico que ocasionalmente bata na Terra.
Fonte: New Scientist

sábado, 25 de setembro de 2010

Novo fenômeno cósmico: luz na escuridão

Astrônomos descobriram um novo fenômeno cósmico, batizado de "coreshine", que revela novas informações sobre como estrelas e planetas surgem. Os astrônomos descobriram que os negros núcleos de nascimento de estrelas emitem luz em certos comprimentos de onda de infravermelho.
luz na escuridão
© NASA (luz na escuridão)
As imagens mostram uma escura massa de gás e poeira, um núcleo no qual nascem estrelas e planetas, mas que emitem luz em comprimentos menores do infravermelho. A análise desse fenômeno revela informações sobre a idade e consistência dos novos surgimentos. Os astrônomos divulgaram que encontraram diversas ocorrências desse fenômeno em lugares escuros do espaço.
A imagem à direita mostra o núcleo negro visto por luzes infravermelhas longas. Já a imagem central o mostra visto por meio de ondas infravermelhas curtas. Nesta imagem, as luzes do núcleo brilham mais porque estão refletindo luzes de estrelas novas. Esta luz é o novo fenômeno. A imagem à esquerda é a soma de ambas.
"Nuvens negras na Via Láctea, longe da Terra, são lugares enormes nos quais nascem estrelas. Mas elas são 'tímidas' e se escondem em camadas de poeira que nos impedem de ver o que ocorre dentro", disse Laurent Pagani, membro do Observatório de Paris e do Centro Nacional de Pesquisas Científicas francês. "Encontramos um jeito de observá-los. Eles são como fantasmas, os vemos mas também vemos através deles", completou.
Em 2009, a equipe de Pagani observou um caso deste fenômeno. Ficaram surpresos ao ver brilhos de estrela saindo de um núcleo negro na forma de luz infravermelha que o Spitzer podia observar. Agora, foram analisados 110 núcleos, dos quais metade possuía o novo fenômeno cósmico.
Também fazem parte da equipe Aurore Bacmann, do Laboratório de Astrofísica de Grenoble, na França, e Jürgen Steinacker, Amelia Stutz e Thomas Henning, do Instituto Max-Planck de Astronomia, na Alemanha. Steinacker é também membro do Observatório de Paris e Stutz é membro da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Fonte: NASA e Observatório de Paris

O Sistema Solar visto de longe

Novas simulações de supercomputador rastreando interações de milhares de grãos de poeira mostram como o Sistema Solar pode parecer quando visto de longe. Os modelos também oferecem um vislumbre de como essa visão pode ter mudado à medida que o Sistema Solar amadureceu.
simulação da formação de poeira no cinturão de Kuiper
© NASA (simulação da formação de poeira)
Os planetas podem ser muito tênues para serem vistos diretamente, mas o planeta Netuno pode ser observado facilmante, já que sua gravidade abre um vão na poeira.
simulação da trajetória de Netuno
© NASA (simulação da trajetória de Netuno)
A origem da poeira é o cinturão de Kuiper, uma área além de Netuno onde milhões de corpos congelados orbitam o Sol.
Cientistas acreditam que a região é uma versão mais velha e reduzida dos discos de detritos que atualmente são observados em órbita de estrelas como Vega e  Fomalhaut.
Objetos do Kuiper ocasionalmente colidem entre si, e esse processo de choque após choque produz uma frota de partículas de poeira. Rastrear como essa poeira viaja pelo espaço não é tarefa simples, porque as partículas estão submetidas a uma série de forças além da gravidade, como a pressão do vento solar. As partículas também colidem entre si, o que pode destruí-las.
Com a ajuda de um supercomputador, os pesquisadores acompanharam 75.000 partículas de poeira durante a interação com os planetas exteriores, a luz do Sol, o vento solar e umas com as outras. A partir dos dados resultantes, foram criadas imagens sintéticas representando visões em infravermelho do Sistema Solar visto de longe.
Por conta de efeitos gravitacionais, Netuno lança partículas próximas em órbitas específicas, o que cria uma zona limpa perto do planeta, além de áreas de maior concentração de grãos em pontos de sua trajetória.
Fonte: Astronomical Journal

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Anomalias magnéticas protegem a Lua do vento solar

Cientistas descobriram um novo tipo de interação do vento solar com corpos sem atmosfera do Sistema Solar. Regiões magnetizadas, chamadas anomalias magnéticas, localizadas principalmente no lado oculto da Lua, parecem repelir fortemente o vento solar, protegendo a superfície do satélite.
campo magnético da Lua
© NASA (campo magnético na Lua)
A descoberta poderá ajudar a compreender a formação de água na camada superior da Lua.
Corpos sem atmosfera interagem com o vento solar de forma muito diferente da Terra. Suas superfícies estão expostas ao vento sem nenhum tipo de proteção, como a que a Terra recebe de sua atmosfera e campo magnético. 
Isso faz com que astros como a Lua sofram desgaste causado pelo impacto constante de micrometeoritos e das partículas do vento, formando uma superfície irregular chamada regolito. Pesquisadores imaginavam que todo o vento solar que chegava à Lua acabava interagindo com o regolito.
No entanto, explorações recentes realizadas pelas sondas Chang'e 1 (da China), Kaguya (Japão) e Chandrayaan 1 (Índia) revelaram uma interação mais complexa.
Um fluxo significativo de partículas de alta energia foi encontrado partindo da superfície lunar, efeito provavelmente causado pela reflexão do vento solar pelo regolito.
Como o vento solar é uma fonte potencial de água na Lua, é necessário criar modelos coerentes da circulação de hidrogênio lunar para entender como as moléculas de água se formam nas camadas superiores.
A pesquisa atual foi realizada com um instrumento a bordo da nave indiana Chandrayaan 1. Quando a sonda sobrevoou uma anomalia magnética da Lua, os cientistas encontraram muito menos átomos de hidrogênio refletidos pela superfície, o que pode significar que o vento solar não chegou a atingir a Lua nessa área. 
O vento solar, nesse caso, parece ter sido repelido por um aglomerado de anomalias magnéticas no hemisfério sul do lado oculto.
Fonte: Instituto Sueco de Física Espacial

Novas imagens da aurora de Saturno

Novas imagens artificialmente coloridas da aurora brilhante de Saturno, feitas ao longo de dois dias, estão ajudando os cientistas a entenderem o que causa alguns dos shows de luzes mais impressionante do Sistema Solar.
aurora de Saturno
© NASA (aurora de Saturno)
As imagens são parte de um novo estudo que, pela primeira vez, extrai informações sobre as características da aurora de Saturno tomadas a bordo da nave Cassini da NASA. Os resultados preliminares foram apresentados pelo cientista Tom Stallard no Congresso Europeu de Ciência Planetária, em Roma.
Nas imagens, o fenômeno da aurora varia significativamente ao longo de um dia de Saturno, que dura em torno de 10 horas e 47 minutos. Ao meio-dia e à meia-noite, a aurora pode ser vista iluminada por várias horas, sugerindo que o clareamento é conectado com o ângulo do Sol. Outra característica pode ser vista com a rotação do planeta, quando a aurora reaparece na mesma hora e no mesmo local, no segundo dia, sugerindo que ela está diretamente controlada pela orientação do campo magnético de Saturno.
"As auroras de Saturno são muito complexas e nós estamos apenas começando a compreender todos os fatores envolvidos. Este estudo irá proporcionar uma visão mais ampla da grande variedade de características da aurora, e nos permitirá compreender melhor o que controla essas mudanças em sua aparência", diz Stallard.
As auroras ocorrem de forma semelhante às luzes do norte e do sul da Terra. Partículas do vento solar são canalizadas pelo campo magnético de Saturno para os pólos do planeta, onde eles interagem com partículas eletricamente carregadas na atmosfera superior e emitem luz. Em Saturno, no entanto, as características da aurora também podem ter relação com ondas eletromagnéticas geradas quando as luas do planeta se movem através do plasma que ocupa a magnetosfera de Saturno.
Fonte: European Planetary Science Congress

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Explosão catastrófica pode ter dado origem a uma das luas de Marte

Cientistas encontraram sinais de que Fobos, uma das duas luas de Marte, formou-se relativamente perto de sua localização atual, por meio da aglomeração de material lançado na órbita marciana por um evento catastrófico.
cratera stickney
© NASA (cratera Stickney, a maior encontrada na lua Fobos)
Duas abordagens independentes, realizadas pela sonda  Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA) e pela Mars Global Surveyor, da Nasa, produziram resultados similares, apresentados no Congresso Europeu de Ciência Planetária, que acontece em Roma.
A origem das duas luas de Marte, Fobos e Deimos, é um antigo enigma para a ciência. Uma hipótese propõe que ambas seriam asteroides capturados pela gravidade marciana.
Outros cenários propõem que ambas as luas se formaram onde estão, por meio da aglomeração de material expelido do planeta após um grande impacto ou dos restos de uma lua destruída pela atração de Marte.
Segundo pesquisadores, uma compreensão da composição das luas é fundamental para excluir algumas dessas propostas.
Observações anteriores de Fobos haviam sido interpretadas como sugerindo a presença de condritos carbonáceos, um material primitivo associado a asteroides. Essa descoberta viria a apoiar a ideia do asteroide capturado.
Mas novas observações, feitas pela Mars Express, não combinam bem com a proposta dos condritos, e favorecem a hipótese da origem local. Entre as descobertas, há sinais de que parte do material que compõe a lua teria interagido com água antes de ser incorporado a Fobos.
Outras observações indicam uma identidade com materiais encontrados na superfície marciana.
Fonte: European Planetary Science Congress

sábado, 18 de setembro de 2010

Manchas solares poderão sumir em breve

Cientistas que estudaram as manchas solares durante os últimos 20 anos concluíram que o campo magnético do Sol que as origina está diminuindo.
mancha solar
© NASA (mancha solar)
Se a tendência atual continuar, por volta de 2016 o Sol pode ficar totalmente sem manchas e assim permanecer ao longo de décadas.
Um fenômeno semelhante, que ocorreu no século 17, coincidiu com um período prolongado de resfriamento na Terra.
Conhecido como "Pequena Era do Gelo", o maior Mínimo Solar já registrado durou 70 anos. O chamado Mínimo de Maunder durou de 1645 a 1715, com a Terra experimentando temperaturas muito baixas.
Embora os mínimos solares normalmente durem cerca de 16 meses, o atual se estendeu por 26 meses, o mais longo em um século.
As manchas solares surgem quando ressurgências do campo magnético do Sol aprisionam plasma ionizado em sua superfície. Normalmente, o gás superaquecido, eletricamente carregado, libera seu calor e mergulha de volta abaixo da superfície. Mas o campo magnético inibe este processo.
Em artigo publicado na revista Science, Phil Berardelli relata o trabalho dos astrônomos Matthew Penn e William Livingston, do Observatório Nacional Solar em Tucson, Arizona, que vêm estudando as manchas solares desde 1990.
Usando uma técnica de medição chamada Separação de Zeeman, os astrônomos analisaram mais de 1.500 manchas solares e concluíram que a intensidade do campo magnético das manchas solares caiu de uma média de cerca de 2.700 gauss para cerca de 2.000 gauss. A intensidade média do campo magnético da Terra tem menos de 1 gauss.
Eles não sabem explicar as razões para tal diminuição. Mas se a tendência continuar, a força do campo magnético das manchas solares vai cair para uma média de 1.500 gauss já em 2016. A seguir um gráfico mostrando o campo magnético total do Sol em função do tempo.
campo magnético total do Sol em função do tempo
© NSO (campo magnético total do Sol em função do tempo)
Como 1.500 gauss é o mínimo necessário para produzir manchas solares, os astrônomos afirmam que elas poderão não ser mais geradas a partir de então. Foi justamente isso o que aconteceu durante o Mínimo de Maunder. Mas Livingston adverte que a previsão de zero manchas solares pode ser prematura.
As manchas solares recentemente não possuem fortes pontos rodeados por halos, chamados penumbras, como se viu durante o último máximo solar, a maior parte da safra atual apresenta poucas ou nenhuma penumbra.
Mas há quem discorde deles. O físico David Hathaway, do Centro de Voos Espaciais Marshall, da NASA, achou o estudo interessante, mas acha que os dois astrônomos podem ter deixado de lado pequenas manchas solares, o que pode ter elevado a média registrada.
Fonte: National Solar Observatory

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Novo mapa de crateras da Lua

As marcas na superfície da Lua são testemunha da barragem de impactos de cometas, asteroides e outros detritos espaciais que atingiram o satélite durante boa parte de sua história. Como o registro geológico de muito dessa sequência permanece intacto, cientistas tem contado com a Lua para reconstituir o passado caótico do Sistema Solar.
mapa topográfico da Lua
© NASA (mapa topográfico da Lua)
Este é o primeiro catálogo uniforme e completo das grandes crateras lunares, algo que poderá lançar luz sobre o bombardeamento planetário que caracterizava o Sistema Solar interior há mais de 4 bilhões de anos.
A equipe de pesquisadores da Universidade Brown, do MIT e da Nasa usou dados do Altímetro Laser Orbital Lunar, um dos instrumentos a bordo da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), da Nasa, para identificar e mapear 5.185 crateras com 20 km de diâmetro ou mais.
A partir da contagem e da análise das crateras foi possível determinar que as regiões mais antigas da Lua são o sul do lado próximo e o centro-norte do lado oculto. O grupo também confirmou que a Bacia Aitken-Polo Sul é a depressão mais antiga, o que significa que amostras trazidas de missões futuras, robóticas ou tripuladas, serão inestimáveis para a compreensão da Lua e do Sistema Solar interior.
Uma importante descoberta trata da corrente de objetos que colidia pelo Sistema Solar interior nos primórdios. Por anos, a teoria predominante  era a de que a Lua tinha sido atingida por projéteis que mantinham uma proporção constante entre objetos grandes e pequenos, o que os cientistas chamam de "distribuição tamanho-frequência".
Em 2005, essa distribuição foi questionada por um artigo na Science, o geólogo da Universidade do Arizona Robert Strom  levantou a hipótese de que a taxa entre objetos grandes e pequenos atingindo a Lua teria variado durante seu primeiro bilhão de anos de existência.
O novo trabalho apoia essa hipótese. Os pesquisadores estudaram crateras formadas no início da história da Lua e as compararam com crateras posteriores, e determinaram que as superfícies mais antigas apresentavam um número maior de marcas de impacto de grandes objetos.
Fonte: Science

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Júpiter mais brilhante ao aproximar da Terra

Se você olhar para cima em qualquer noite de céu claro de Setembro, um astro celeste brilhante chamará sua atenção. Ela estará baixa no lado leste do céu pouco depois do crepúsculo e alta no lado sudeste do céu à medida que a noite avançar. Ela irá completamente se sobressair em comparação com qualquer outra estrela do céu.
júpiter
© Babak A. Tafreshi (planeta Júpiter no céu)
O que você está observando na verdade é o planeta Jupiter. Júpiter está fazendo sua passagem mais próxima da Terra no ano. E essa passagem é a mais próxima que Júpiter chegará entre os anos de 1963 e 2022.
Júpiter estará mais próximo da Terra na noite de segunda-feira 20 de Setembro de 2010: 592 milhões de quilômetros de distância. Ele permanecerá próximo dessa distância durante toda a última parte do mês de Setembro.
Na última vez que Júpiter esteve próximo da Terra, que aconteceu em Agosto de 2009, o planeta estava 2% mais apagado do que dessa vez. Na sua próxima passagem próximo da Terra ele estará um pouco mais de 1% mais distante do que agora.
Em adição à distância entre Júpiter e a Terra que será a menor nesse período, o planeta estará 4% mais brilhante do que o normal pois um de seus cinturões de nuvens marrons estará escondido. Por aproximadamente um ano o gigantesco cinturão equatorial sul, que normalmente é observado por meio de pequenos telescópios estará escondido por uma camada de nuvens mais brilhantes constituídas de amônia.
Coincidentemente, Júpiter também passará quase em frente ao planeta Urano. Urano está cinco vezes mais distante e quase 3000 vezes mais apagado e por isso é invisível a olho nu. Mas por meio de binóculos e de telescópios será possível ver Urano a menos de 1 grau de distância de Júpiter. Essa maior aproximação acontecerá na noite de 24 de Setembro.
No outro lado da escala de brilho, a Lua cheia irá se juntar a essa cena celeste mais ou menos nas mesmas datas, ela irá brilhar acima de Júpiter na noite de 22 de Setembro de 2010 e a esquerda do planeta na noite de 23 de Setembro de 2010.
Mais coincidências também acontecerão aqui. Júpiter e Urano encontram-se próximos do ponto no céu conhecido como ponto vernal, onde o Sol cruza o equador celeste no primeiro dia da primavera para o hemisfério norte. Estas aproximações ocorrem a todo instante no céu, porém algum arranjo particular pode não surgir por séculos.
E tudo acontecerá por volta da mesma data já que o início da primavera acontecerá no dia 22 de Setembro de 2010.
Boa primavera!
Fonte: Sky & Telescope

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Estrela devorando outra e gerando planetas

Uma equipe de astrônomos pode ter flagrado uma estrela no ato de devorar outra e criando uma segunda geração de planetas a partir do disco residual.
ilustração de BP Piscium
© NASA (ilustração de BP Piscium)
Usando dados do Observatório de Raios X Chandra, o grupo de Joel Kastner, do Instituto de Tecnologia de Rochester, encontrou sinais de que uma estrela variável na constelação de peixes, BP Piscium, não é a estrela jovem que aparenta ser, mas sim uma gigante vermelha que engoliu uma estrela ou planeta da vizinhança, diz nota divulgada pelo instituto.
Desde que foi descoberta há 15 anos, a estrela vem confundindo os cientistas, ao apresentar características tanto de um astro jovem quando de uma estrela velha.
A juventude enganosa da estrela é atribuída a duas coisas: um disco de material que lembra os discos onde se formam planetas ao redor de estrelas novas e os jatos de material que partem dos polos do astro. Uma estrela jovem acumula material do disco, que cai em sua direção, absorvendo cerca de 90% do que cai e reciclando o restante para o espaço, através dos jatos. Outros detalhes, no entanto, apontam na direção oposta. Por exemplo, a estrela existe isolada, enquanto que a maioria das estrelas jovens se formam em aglomerados.
Os dados do Chandra mostram que a estrela é uma fonte pobre de raios X, o que vai contra a hipótese de juventude. A taxa de emissão é compatível com a de estrelas velhas que giram rapidamente, de uma classe que, acredita-se, surge quando uma estrela engole outra.
"As companheiras dessas estrelas gigantes caíram dentro delas e fazem com que girem mais rápido. Nossa hipótese de trabalho é que estamos olhando para a estrela bem no ponto em que ela acabou de engolir a companheira e, assim, formou o disco. Parte do material que compunha a companheira caiu na estrela, e parte foi expelido em alta velocidade, e é a isso que estamos assistindo", explica Kastner.
Embora planetas próximos que eventualmente existissem tenham sido engolidos quando a estrela se tornou uma gigante vermelha, uma segunda rodada de formação de planetas pode estar em andamento no disco, centenas de milhões de anos após a primeira.
Outro artigo científico, baseado em dados do telescópio espacial Spitzer, indica evidência de um planeta gigante no disco. Esse pode ser um novo exoplaneta, ou um que sobreviveu ao cataclismo.
Fonte: Astrophysical Journal Letters

Achados 14 novos objetos transnetunianos

Para além da órbita de Netuno existem inúmeras rochas geladas conhecidas como objetos transnetunianos (TNOs). Um dos maiores, Plutão, é classificado como um planeta anão. A região também abriga cometas como o famoso Cometa Halley. A maioria dos TNOs é pequena e recebe pouca luz solar, tornando-os fracos e difíceis de detectar.
objeto transnetuniano
© NASA (ilustração de um objeto transnetuniano)
Agora, astrônomos acrescentaram 14 novos objetos ao catálogo, por meio de arquivos de dados do Telescópio Espacial Hubble Space, da Nasa. Esse método promete identificar centenas de outros TNOs.
"Objetos transnetunianos nos interessam porque são blocos que sobraram da formação do sistema solar", explicou o autor do estudo, Cesar Fuentes, da Northern Arizona University.
Como os TNOs orbitam lentamente o Sol, eles se movem contra o manto de estrelas, aparecendo como raios de luz em fotografias. A equipe desenvolveu um software para analisar centenas de imagens do Hubble. Depois de candidatos promissores serem sinalizados, as imagens foram avaliadas visualmente para confirmar ou refutar cada descoberta.
A maioria TNOs está localizada perto da eclíptica, a linha no céu que marca o plano do sistema solar (desde que o sistema solar se formou a partir de um disco de material). Portanto, a equipe procurou dentro de 5 graus da eclíptica para aumentar suas chances de sucesso.
Dos 14 objetos encontrados, inclui-se um binário: dois TNOs orbitando como um sistema Plutão-Caronte em miniatura. Todos têm um brilho muito fraco, mais de 100 milhões de vezes menor que o de objetos visíveis a olho nu, e medem de 4km a 10 km de diâmetro.
Ao medir o movimento desses objetos no céu, os astrônomos calculam a órbita e a distância de cada um. Combinando distância e brilho, eles puderam estimar o tamanho dos TNOs.
Ao contrário dos planetas, que tendem a ter órbitas muito planas, alguns TNOs têm órbitas muito inclinadas. A equipe analisou a distribuição de tamanho de TNOs com órbitas de baixa inclinação versus alta para ter pistas sobre como os objetos evoluíram ao longo dos últimos 4,5 bilhões de anos.
Geralmente, os menores objetos transnetunianos são os destroços de TNOs maiores. Ao longo de bilhões de anos, esses objetos se chocaram, moendo uns aos outros. Os astrônomos descobriram que a distribuição de tamanho de TNOs com órbitas de baixa inclinação versus alta é a mesma à medida que os objetos ficam mais fracos e menores. Portanto, ambas as populações (de baixa e alta inclinação) têm histórias colisionais semelhantes.
Esse estudo inicial examinou apenas um terço de um grau quadrado do céu, o que significa que há muito mais área a ser pesquisada. Outras centenas de TNOs podem esconder-se nos arquivos do Hubble em latitudes eclípticas mais elevadas. Fuentes e os colegas pretendem continuar a pesquisa.
Fonte: Astrophysical Journal

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Encontrado exoplaneta sem metano

A falta de metano na composição do GJ 436b, um exoplaneta localizado a 36 anos-luz da constelação de Leão, desafia a teoria de cientistas sobre exoplanetas, já que é composto apenas de hidrogênio, carbono e oxigênio. Os astrônomos estudam o planeta por meio do Telescópio Espacial Splitzer, da Nasa, agência espacial americana.
exoplaneta GJ 436b
© NASA (ilustração do exoplaneta GJ 436b)
Exoplanetas são aqueles que se localizam fora do Sistema Solar, portanto, extrassolares. Os primeiros exoplanetas foram descobertos apenas na década de 1990. De acordo com os cientistas, para seguir uma lógica, o GJ 436b deveria ter uma grande quantidade de metano e pouco monóxido de carbono. Mas as observações do Spitzer, que captou a luz do planeta em seis comprimentos de infravermelho, mostram justamente o contrário.
A Nasa disse em seu site que o estudo sobre o GJ 436b demonstra que é necessário pesquisar mais sobre a diversidade dos exoplanetas. O metano está presente na Terra e também em todos os planetas gigantes do nosso sistema solar.
Fonte: NASA

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Meteorito que caiu na França tem vestígios de supernova

Um meteorito que caiu na Terra há quase 150 anos parece conter estilhaços microscópicos de uma estrela que explodiu quando surgiu o sistema solar.
meteorito de Orgueil
© MNHN (condrito carbonáceo de Orgueil)
Os meteoritos oferecem-nos a rara oportunidade de examinarmos compostos orgânicos de origem extraterrestre. De grande interesse para os investigadores da origem da vida são os meteoritos carbonáceos que, como vimos, constituem uma pequena percentagem de todos os meteoritos conhecidos. Chamam-se assim por conterem côndrulos e uma quantidade variável de compostos orgânicos que em alguns casos pode ultrapassar os 5% do peso total da amostra. Um dos mais notáveis condritos carbonáceos é o meteorito de Orgueil que caiu no Sul de França em 14 de Maio de 1864. Cerca de vinte pedras, a maior do tamanho da cabeça de um de um homem, espalharam-se numa área de cerca de 3 Km2, perto da aldeia de Orgueil. Quase 12 quilos foram recolhidos logo após a queda, e mais de 9 estão no Museu de História Natural de Paris. A composição química do meteorito Orgueil indica que uma estrela explodiu e formou uma supernova há cerca de 4,5 bilhões de anos, quando os planetas estavam se formando ao redor do Sol.
A partir dos restos encontrados no meteorito francês, os cientistas quiseram determinar que tipo de estrela explodiu e se foi gerada uma supernova tipo 1 ou tipo 2.
A supernova tipo 1 ocorre com a morte de uma estrela anã-branca pequena, mas extremamente densa. Já a supernova tipo 2 se forma quando uma estrela gigante (pelo menos nove vezes mais pesada que o Sol) queima quase todo o seu combustível, o que desencadeia um colapso interno seguido de uma explosão.
Grãos de supernova tipo 2 já foram encontrados em meteoritos antes, mas, até agora, nenhum marcador de supernova tipo 1 havia sido achado.
A grande quantidade de cálcio 48 encontrada no meteorito Orgueil levou os cientistas a acreditarem que ele foi originado de uma supernopva tipo 1. Isso porque o cálcio 48 é gerado em grandes quantidades na supernova tipo 1, mas é inexistente na supernova tipo 2.
O estudo pode, ainda, resolver o mistério de variação da quantidade de elementos químicos entre planetas e entre meteoritos.
Antes, os cientistas acreditavam que os elementos químicos foram distribuídos uniformemente por uma espécie de nuvem de gás e poeira que entrou em colapso para formar o nosso sistema solar.
Agora, com a descoberta da composição do meteorito Orgueil, a expectativa é que a distribuição de elementos metálicos não tenha sido tão uniforme assim.
Os resultados sugerem que a supernova lançou os grãos desordenadamente no espaço e que esses grãos foram incorporados em meteoritos, como o Orgueil, e em planetas que estavam começando a se formar em torno do Sol.
Os grãos analisados têm menos de 100 nanômetros de diâmetro, ou seja, cerca de um milésimo da largura de um fio de cabelo humano.
O estudo do meteorito foi liderado por Nicolas Dauphas, pesquisador da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
Fonte: Astrophysical Journal