terça-feira, 30 de novembro de 2010

Nuvens de dióxido sulfúrico em Vênus

Uma misteriosa camada de dióxido sulfúrico de grande altitude descoberta pelo satélite Venus Express, da ESA (agência espacial europeia), em Vênus, foi finalmente explicada, após dois anos de sua descoberta. Segunda a ESA, a descoberta serve como um aviso contra a ejeção de gases na nossa atmosfera.
nuvens de dióxido sulfúrico em Vênus
© ESA (nuvens de dióxido sulfúrico em Vênus)
Vênus é coberto por ácido sulfúrico que bloqueia a visão de sua superfície. As nuvens são formadas entre 50 e 70 km de altura, quando o dióxido sulfúrico dos vulcões se junta ao vapor de água, formando o ácido sulfúrico. O dióxido que sobra do processo deveria ser destruído pela intensa radiação solar. Portanto, quando, em 2008, o satélite Venus Express detectou a existência dessa camada, criou-se um mistério. De onde esse dióxido sulfúrico sai para formar a camada que fica entre 90 km e 110 km da superfície do planeta?
Simulações de computador feitas por Xi Zhang, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, Estados Unidos, e outros cientistas do país, da França e de Taiwan, mostram que gotas de ácido sulfúrico podem evaporar em grandes altitudes, liberando gases de ácido que se quebram na luz do Sol e que se transformam em dióxido sulfúrico.
Com essa nova descoberta, a preocupação sobre as mudanças climáticas da Terra aumentam. As experiências para a diminuição das mudanças, segundo os cientistas, podem não estar funcionando, como pensado originalmente. "As novas descobertas também significam que o ciclo atmosférico do enxofre é mais complicado do que pensávamos", diz Håkan Svedhem, cientista do projeto Venus Express.
O vencedor do prêmio Nobel, Paul Crutzen, defendeu recentemente que ejetar artificialmente grandes quantidades de dióxido sulfúrico na atmosfera da Terra a 20 km de altura para conter o aquecimento global resulta no aumento de gases que causam o efeito estufa. Esse gás forma pequenas gotas de ácido sulfúrico, iguais aos encontrados em Vênus. Essas gotas formam uma camada que reflete os raios do Sol, gelando o planeta em aproximadamente 0,5 °C.
Contudo, o estudo indica que a evaporação de ácido sulfúrico em Vênus sugere que esse projeto pode não dar certo, já que não é conhecido quanto tempo essa camada protetora levará para se transformar em dióxido sulfúrico. E o pior, uma camada desse gás pioraria o efeito estufa, já que permite a passagem de todos os raios solares.
"Nós precisamos estudar detalhadamente as potenciais consequências de uma camada artificial de enxofre na atmosfera da Terra", diz Jean-Loup Bertaux, da Universidade de Versailles-Saint-Quentin, na França, que também participa do projeto.
Para esse estudo, o satélite Venus Express passa a ser de fundamental importância, pois como a natureza causa, também, a existência da camada de gases, os cientistas ainda não precisam realizar experimentos mais detalhados, podem apenas examinar os efeitos pelo satélite.
Fonte: ESA

domingo, 28 de novembro de 2010

Densidade de filamentos entre galáxias

Astrônomos obtiveram um vislumbre de uma galáxia incomum, o que ajudou a descobrir novos detalhes a respeito de um "banco de areia" celestial que conecta duas grandes ilhas de galáxias. A pesquisa foi realizada com o Telescópio Espacial Spitzer. 
deformação nos jatos de material de galáxia
© NASA (deformação nos jatos de material de galáxia)
Esses filamentos cobrem vastas distâncias entre aglomerados de galáxias e formam uma espécie de treliça conhecida como a teia cósmica. Embora imensos, os filamentos são difíceis de ver e estudar em detalhe. Há dois anos, o Spitzer revelou que desses fios intergalácticos, contendo galáxias em processo de formação de estrelas, ligava os aglomerados  Abell 1763 e Abell 1770.
Agora, essas observações foram reforçadas pela descoberta, no interior do mesmo filamento, de uma galáxia que tem um raro formato de bumerangue e que emite luz de modo incomum. O gás quente está golpeando a galáxia errante, forçando-a a assumir a forma atual à medida que cruza o filamento, o que oferece um novo modo de medir a densidade desse fio da teia cósmica.
Cientistas esperam que outras galáxias semelhantes, com forma recurvada, possam sinalizar a presença da teia.
A galáxia defornada foi avistada a cerca de 11 milhões de anos-luz do centro de Abell 1763. A galáxia bumerangue apresentava uma proporção incomum entre suas emissões de ondas de rádio e infravermelho.
Isso se deve, em parte, ao fato de a galáxia ter jatos de material sendo emitidos em direções opostas por um buraco negro supermassivo em seu centro. Esses jatos expandem-se em gigantescos volumes de material emissor de ondas de rádio.
As zonas de emissão parecem dobradas para trás em relação à trajetória da galáxia através do filamento. Esse desvio é causado pelas partículas do filamento, que empurram o gás e a poeira dos jatos. 
Ao medir o ângulo de desvio dos jatos, é possível calcular a pressão exercida pelo filamento e determinar a densidade  do meio. De acordo com os dados, a densidade no interior do filamento é cerca de 100 vezes superior à densidade média do Universo!
Fonte: NASA

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Reia tem atmosfera de oxigênio e CO2

A lua Reia de Saturno com 1.500 km de diâmetro e composta basicamente de rocha e gelo, tem uma atmosfera tênue que é composta por 70% de oxigênio e 30% de gás carbônico, dois gases que, na Terra, são essenciais para as formas mais complexas de vida. A descoberta foi realizada pela sonda Cassini, da NASA.
Reia
© NASA/Cassini (Reia)
Embora o oxigênio existente hoje na atmosfera da Terra seja produto da atividade de seres vivos que fazem fotossíntese, esse dificilmente será o caso em Reia. A atmosfera de Reia é muito fina, e a lua não tem um campo magnético próprio. Sua superfície está totalmente desprotegida dos íons e elétrons aprisionados no campo magnético de Saturno. O constante bombardeio de partículas sobre o gelo da superfície causa reações que formam o oxigênio, que então ou fica preso no gelo sólido ou é ejetado para atmosfera.
É muito improvável a existência de vida em Reia, por causa das baixas temperaturas, que oscilam de -174ºC a -220ºC, e da ausência de água no estado líquido.
A descoberta de oxigênio na atmosfera da lua se segue à detecção de sinais da mesma substância na lua Europa do planeta Júpiter, onde há possibilidade da existência de um oceano sob a crosta de gelo. Outra lua de Saturno, Encélado também apresenta sinais de água sob a superfície.
Isso sugere que a formação de oxigênio em corpos gelados submetidos a radiação pode propiciar mecanismos para química orgânica complexa movida a oxigênio dentro destes astros no nosso próprio Sistema Solar, e em outras luas pelo Universo.
A presença de CO2 na atmosfera da lua é um mistério maior que o oxigênio. Uma possibilidade é que Reia não  seja uma bola sólida de rocha e gelo, como se imagina, mas contenha algum líquido em seu interior, onde reações geradoras de gás carbônico poderiam ter ocorrido ou ainda estar ocorrendo, pois a lua mostra sinais de intensa atividade geológica, mas ocorrida em eras passadas.
Se um dia astronautas da Terra forem visitar a lua em busca da solução para o enigma do CO2, a atmosfera de oxigênio não tornará os trajes espaciais desnecessários. A densidade de oxigênio máxima em Reia é de 10 trilhões de moléculas por metro cúbico. Na Terra, esse número é 5 trilhões  de vezes maior!
Fonte: Science

Listra em Júpiter começa a ressurgir

Novas imagens da NASA registradas pelos telescópios Gemini, Keck e Infrared Facility indicam que uma das listras de Júpiter que havia "desaparecido" meses atrás aparenta estar ressurgindo. As novas observações ajudarão cientistas a entender melhor a interação entre os ventos de Júpiter e a química das nuvens.
listra de Júpiter
© NASA (listra marrom escuro ressurgindo em Júpiter)
No começo de 2010, astrônomos amadores noticiaram que uma listra marrom escuro, conhecida como Cinturão Equatorial Sul, localizada no sul do planeta, havia se tornado branca. No começo de novembro, o astrônomo Christopher Go, filipino, viu um incomum brilho nesta área branca. O fenômeno interessou aos astrônomos da Nasa. Após observações com os três telescópios, os cientistas passaram a acreditar que a faixa escura está voltando.
Desde que foi descoberta, a listra escura se torna branca, por no máximo 3 anos, o que intriga os cientistas há anos. O fenômeno só é visto no Cinturão Equatorial Sul, se tornando caso único em todo o Sistema Solar.
A listra branca não é a única mudança em Júpiter. Ao mesmo tempo, a grande mancha vermelha do planeta se tornou mais escura. Os cientistas dizem que a cor da mancha, que possui três vezes o tamanho da Terra, brilha mais agora, junto com o ressurgimento da listra branca.
O último ressurgimento da listra aconteceu em 1993, após sumiço total no mesmo ano. Os cientistas estão interessados na análise deste último evento porque é a primeira vez em que se poderá utilizar modernos instrumentos para determinar detalhes da química e as mudanças dinâmicas do fenômeno. A observação será fundamental no envio da nave Juno, que está programada para chegar a Júpiter em 2016, além de outra missão que deverá chegar ao planeta em 2020.
Fonte: NASA

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Resolvido mistério de estrela pulsante

Ao descobrir o primeiro sistema estelar duplo, uma equipe internacional de astrônomos conseguiu determinar a massa da estrela pulsante, um dado que era alvo de disputas teóricas há décadas.
estrela binária OGLE-LMC-CEP0227
© ESO/L. Calçada (ilustração da estrela dupla, a menor é a cefeida)
Este sistema, conhecido como OGLE-LMC-CEP0227, contém uma estrela cefeida variável que pulsa a cada 3,8 dias, e uma outra estrela ligeiramente maior e mais fria. As duas estrelas orbitam em torno uma da outra em 310 dias.
Até agora, os astrônomos dispunham de duas previsões teóricas incompatíveis para a massa das cefeidas. O novo resultado mostra que a predição vinda da teoria da pulsação estelar está correta, enquanto que a predição feita a partir da teoria de evolução estelar não está de acordo com as novas observações.
As primeiras Cefeides variáveis foram descobertas no século XVIII e as mais brilhantes podem ser vistas facilmente a olho nu. O seu nome vem da estrela Delta Cephei na constelação de Cefeu, a qual foi vista pela primeira vez por John Goodricke na Inglaterra, em 1784. Curiosamente, Godricke foi também o primeiro a explicar as variações de brilho em outro tipo de estrela variável, os binários de eclipse. Neste último caso, temos duas estrelas em órbita uma da outra passando, em frente uma da outra durante parte das suas órbitas, o que leva a que o brilho total do par diminua. O objeto raro estudado pela atual equipe é ao mesmo tempo uma cefeida e um binário de eclipse. As cefeidas clássicas são estrelas de grande massa, diferentes de estrelas pulsantes similares de menor massa que não partilham a mesma história de evolução. Elas são astros instáveis muito maiores e muito mais brilhantes do que o Sol. Expandem-se e contraem-se de forma regular, levando entre alguns dias até alguns meses para completar o ciclo.
O tempo que levam para ganhar e perder luminosidade é maior para as estrelas mais luminosas e menor para as menos luminosas. Esta relação, extremamente precisa, faz das cefeidas uma das "réguas" mais eficazes na medição de distâncias até as galáxias próximas e, a partir daí, no mapeamento da escala do Universo.
Mas as cefeidas ainda não são completamente compreendidas. As predições das massas que derivam da teoria das estrelas pulsantes são 20% a 30% menores que as predições feitas utilizando a teoria de evolução estelar. Esta discrepância é conhecida desde os anos 60.
Para resolver a questão, os astrônomos precisavam encontrar uma estrela dupla que contivesse uma cefeida e cuja órbita estivesse diretamente voltada para a Terra.
Nestes casos, conhecidos como binários de eclipse, o brilho das duas estrelas diminui quando uma das componentes passa em frente ou atrás da outra. Nesses pares, é possível determinar as massas das estrelas  com grande precisão. Infelizmente, nem as estrelas cefeidas nem os binários de eclipse são fenômenos comuns, por isso a hipótese de encontrar um tal par de objetos parecia muito pequena. Na realidade, não se conhecem nenhuns na Via Láctea. Este sistema foi encontrado na Grande Nuvem de Magalhães.
© ESO (Grande Nuvem de Magalhães e a estrela binária no centro)
A partir deste conjunto de dados muito completo e detalhado foi possível determinar o movimento orbital, os tamanhos e as massas das duas estrelas com enorme precisão. A estimativa muito melhor da massa é apenas um resultado deste trabalho, e a equipe espera encontrar outros exemplos destes pares de estrelas bastante úteis de modo a explorar melhor este método.
Fonte: Nature

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Descoberto microquasar na periferia de galáxia

Uma equipe internacional de astrônomos, liderada por Manfred Pakull, da Universidade de Estrasburgo, na França, descobriu um "microquasar", um pequeno buraco negro que dispara jatos de partículas emissoras de ondas de rádio para o espaço.
S26 e NGC 7793
© NASA/ESO (composição de imagem de S26 e NGC 7793)
O buraco negro, denominado S26 fica no interior da galáxia NGC 7793, a 13 milhões de anos-luz. No início do ano, Pakull e colegas observaram as emissões de raios X e de luz visível de S26, usando o telescópio europeu VLT, baseado no Chile, e o Observatório Espacial Chandra, da Nasa.
Agora, novas observações foram feitas com um arranjo de radiotelescópios baseado na Austrália. os novos dados revelam S26 como uma miniatura quase perfeita das chamadas "galáxias de rádio" e 'quasares de rádio".
Galáxias e quasares de rádio estão praticamente extintos atualmente, mas dominavam o Universo primitivo, bilhões de anos atrás. Eles continham gigantescos buracos negros, com bilhões de vezes mais massa que o Sol, e disparavam jatos de energia gigantescos, que se propagavam por milhões de anos-luz.
Astrônomos trabalham há décadas para entender como os buracos negros formam os jatos, e quanto da energia dos buracos negros se transmite para o gás que os jatos atravessam. Esse gás é a matéria-prima da formação de estrelas, e o papel dos jatos é tema de debate.
Usando os dados combinados de várias observações, os cientistas conseguiram determinar quanto da energia é usada no aquecimento do gás e quanto faz o jato brilhar em rádio e luz visível. A conclusão é de que apenas um milésimo da potência cria o brilho em frequência de rádio.
Isso possibilita concluir que nas galáxias maiores esses jatos são mil  vezes mais intensos do que se deduzia a partir do rádio, significando que os buracos negros podem ser mais eficientes e mais poderosos do que se pensava.
Fonte: NASA e ESO

Confirmada ação de força oposta à gravidade

O Universo é realmente dominado pela misteriosa "energia escura" que se opõe à gravidade, e deve continuar a se expandir para sempre. Essa é a conclusão tirada de uma série de observações de pares de galáxias realizada por cientistas franceses e publicada na edição desta semana da revista Nature.
par de galáxias NGC 5426 e NGC 5427
© ESO (ARP 271, o par de galáxias NGC 5426 e NGC 5427)
Embora o resultado indique que o Universo pode ter um futuro infinito, as perspectivas para os seres vivos não são tão boas: à medida que o espaço se expande, o conteúdo de matéria torna-se cada vez mais rarefeito, até que se torna impossível a formação de novas estrelas e planetas para substituir os astros que completam seus ciclos de existência.
"A expectativa da vida provavelmente é definida pelas estrelas mais longevas cujos sistemas planetários podem suportar vida. Talvez seja possível encontrar uma estrela de pequena massa que possa durar um trilhão de anos, mas ela seria muito fria, e o planeta teria de ficar muito próximo", diz o astrofísico Alan Heavens, da Universidade de Edimburgo.
A constatação de que o Universo se encontra em expansão acelerada surgiu no fim do século passado, depois que observações de supernovas distantes indicaram que elas estavam se afastando cada vez mais rápido, e não desacelerando, naquela época foi um resultado que surpreendente.
Até então, acreditava-se que a atração gravitacional da matéria do Universo estaria se contrapondo à expansão do espaço, iniciada com o Big Bang, há 13,7 bilhões de anos. Especulava-se que o efeito da gravidade poderia até mesmo reverter essa expansão, lançando o Universo num Big Bang ao contrário, o "Big Crunch", gerando o colapso do Universo.
Para explicar o resultado, os pesquisadores foram buscar a constante cosmológica, um termo introduzido por Albert Einstein na equação que apresentou em 1917 para explicar a relação entre a matéria do Universo e a geometria do espaço-tempo: na Relatividade Geral, a presença de matéria ou de energia deforma o espaço.
Einstein havia postulado a constante para se contrapor à gravidade e manter seu modelo do Universo estável, mas quando o fato de que as galáxias estavam se afastando umas das outras foi descoberto, ele renegou a ideia.
Atualmente, a realidade da constante de Einstein é uma das possíveis explicações para a energia escura, que corresponderia a cerca de 73% do conteúdo do Universo (outros 23% seriam compostos pela matéria escura que mantém as galáxias coesas e apenas 4% pela matéria ordinária que existe em estrelas, planetas e seres vivos).
A energia escura implica um componente da gravidade que é repulsivo e que, depois de algum tempo, pode superar a atração gravitacional comum entre os objetos. Isso leva as galáxias a acelerar para longe umas das outras na grande escala.
Os autores do trabalho, Christian Marinoni e Adeline Buzzi, do Centro de Física Teórica da Universidade de Provença, realizaram observações das posições relativas de pares de galáxias localizados a 7 bilhões de anos-luz da Terra.
Usando a relação de Einstein entre a geometria e o conteúdo do espaço, concluíram que as posições encontradas são mais consistentes com um universo "plano", isto é, em expansão permanente, e onde a energia escura corresponda a algo entre 60% e 80% do conteúdo do espaço.
Com isso, os franceses obtiveram uma confirmação independente da teoria da expansão acelerada e contínua do cosmo, embora não definitiva. Como a luz das galáxias estudadas levou 7 bilhões de anos para chegar à Terra, as configurações observadas podem não ser mais válidas.
A repulsão provocada pela energia escura não está afastando a Terra do Sol. A gravidade comum que mantém a Terra em órbita é muito mais forte, então a Terra ficará onde está. A galáxia também não está se desmanchando, porque a atração gravitacional das estrelas, gás e matéria escura é muito mais forte que a repulsão da energia escura.
Fonte: Nature

Encontrada estrela de metano

Uma equipe internacional chefiada por astrônomos chilenos descobriu um sistema estelar único e exótico, de um tipo totalmente desconhecido até agora.
ilustração do binário anã T e anã branca
© ScienceDaily (ilustração do binário anã T e anã branca)
O sistema é formado por uma estrela muito fria, rica em metano, chamada anã T, e uma anã branca, uma em órbita ao redor da outra. Os objetos são catalogados como LSPM 1459+0857 A e B. Esse sistema possibilita descobrir a massa e a idade dessa velhíssima estrela de metano.
O metano é uma molécula frágil, rapidamente destruída em temperaturas mais altas. Assim, ele só é visto em estrelas muitas frias e em planetas gigantes, como Júpiter.
As anãs de metano estão na fronteira entre as estrelas e os planetas, com temperaturas tipicamente inferiores a 1000 graus Celsius, a superfície do Sol atinge 5.500 graus Celsius.
Nem planetas gigantes e nem estrelas anãs T são grandes o suficiente para iniciar a fusão do hidrogênio que alimenta o Sol e outras estrelas, o que significa que elas simplesmente esfriam e desaparecem num tempo muito longo.
O novo binário estelar representa uma oportunidade única para o nosso conhecimento da física das atmosferas estelares ultrafrias seja testado, porque a anã branca pode ser usada para calcular a idade dos dois objetos.
As anãs brancas representam o estado final das estrelas semelhantes ao Sol. Quando essas estrelas esgotam o combustível de hidrogênio disponível em seu núcleo, eles expelem a maior parte de suas camadas exteriores para o espaço, formando uma nebulosa planetária e deixando para trás um núcleo pequeno, denso e quente, mas em processo de resfriamento, caracterizando uma anã branca.
Para o nosso Sol, esse processo começará daqui a cerca de 5 bilhões de anos.
Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society

domingo, 21 de novembro de 2010

Colisão de galáxias gera novas estrelas

A colisão de duas galáxias a 500 milhões de anos-luz da Terra está provocando uma explosão na formação de novas estrelas, revela imagem em infravermelho feita pelo observatório espacial Spitzer, da Nasa. O berçário está escondido por trás de densas nuvens de poeira e gás e, por isso, as novas estrelas quase não são perceptíveis em luz visível.
galáxia II ZW 096
© Spitzer/Hubble (galáxia II ZW 096 no infravermelho e visível)
O processo de formação de estrelas no objeto II Zw 096, é um dos mais luminosos já observados fora do centro de galáxias. Ele brilha cerca de 10 vezes mais do que outro do tipo identificado anteriormente, também de uma colisão galáctica conhecida como Galáxia das Antenas. A descoberta mostra que a fusão de galáxias pode estimular a criação de estrelas bem longe do centro destes fenômenos, onde o gás e poeira que as constituem costumam se concentrar.
As emissões em infravermelho desta explosão dominam o objeto e rivalizam com as das galáxias mais luminosas que observamos relativamente próximas a nossa vizinhança cósmica, a Via Láctea.
A região ultrabrilhante do II Zw 096 tem aproximadamente 700 anos-luz de extensão, um pedaço pequeno dos cerca de 60 mil anos-luz de diâmetro do objeto. Apesar disso, ela emite 80% da luz infravermelha gerada por ele. De acordo com os dados do Spitzer, a geração de novas estrelas atinge o ritmo de 100 massas solares anuais e pode servir de modelo para o futuro da própria Via Láctea, que dentro de 4,5 bilhões de anos deverá se chocar com sua maior vizinha, a Galáxia de Andrômeda.
Fonte: The Astronomical Journal

sábado, 20 de novembro de 2010

Descoberto planeta fora da Via Láctea

Durante os últimos 15 anos os astrônomos detectaram cerca de 500 planetas em órbita de estrelas da nossa vizinhança cósmica, mas nunca nenhum foi confirmado fora da Via Láctea. Agora, astrônomos do Instituto Max Planck de Astronomia informaram ter encontrado pela primeira vez um planeta em outra galáxia fora da Via Láctea.
ilustração do exoplaneta HIP 13044 b
© Science (ilustração do exoplaneta HIP 13044 b)
O exoplaneta tem massa mínima de 1,25 vezes da massa de Júpiter, que é o maior planeta do Sistema Solar, e orbita ao redor de uma estrela conhecida por HIP 13044 situada na constelação austral da Fornalha a cerca de 2 mil anos-luz de distância da Terra. Acredita-se que ambos, estrela e planeta, sejam parte da corrente Helmi, grupo de estrelas que permaneceu depois que sua minigaláxia foi absorvida pela Via Láctea, 9 milhões de anos atrás. Os astrônomos conseguiram localizar o planeta, denominado HIP 13044 b, ao se concentrar em uma pequena perturbação na estrela, causada pelo empuxo gravitacional de um companheiro orbital.
Foi utilizado um espectrógrafo de alta resolução FEROS (Fibre-fed Extended Range Optical Spectrograph) montado no telescópio de 2,2 metros de propriedade do ESO em La Silla, no Chile, a 2,4 mil m de altitude e 600 km ao norte de Santiago. O planeta está bastante próximo da estrela que orbita e sobreviveu a uma fase na qual sua anfitriã passou por um crescimento maciço depois de ter esgotado sua provisão de hidrogênio nuclear, uma etapa que dentro da evolução das estrelas se denomina "fase de gigante vermelha".
A descoberta é particularmente intrigante considerando que no futuro, dentro de 5 bilhões de anos, o Sol também se tornará uma gigante vermelha. O exoplaneta completa uma órbita a cada 16 dias e provavelmente é bastante quente porque fica muito perto da estrela, está a menos de um diâmetro estelar da superfície da estrela (o que corresponde a 0,55 vezes a distância Sol - Terra) e talvez esteja no fim de sua vida.
Fonte: Science Express

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Hubble detecta nascimento de estrelas em galáxias envelhecidas

As galáxias elípticas são consideradas relíquias antigas, onde o auge do surgimento de novas estrelas teriam ficado bilhões de anos no passado.
galáxia elíptica NGC 4150
© NASA/Hubble (galáxia elíptica NGC 4150)
Mas novas observações do Telescópio Espacial Hubble estão ajudando a mostrar que as galáxias elípticas ainda têm algum vigor juvenil, graças ao contato com galáxias menores.
Imagens do núcleo da galáxia NGC 4150, feitas na faixa do ultravioleta próximo, revelam fiapos de poeira e gás e aglomerados de jovens estrelas azuis, com bem menos de um bilhão de anos de idade. A evidência indica que o nascimento de estrelas foi desencadeado pela fusão com uma galáxia anã.
núcleo da galáxia NGC 4150
© NASA/Hubble (núcleo da galáxia NGC 4150)
O novo estudo ajuda a reforçar a ideia de que a maioria das galáxias elípticas tem estrelas jovens.
As galáxias elípticas depois de terem consumido todo o seu gás, agora estão gerando novas estrelas, principalmente pela canibalização de galáxias menores.
As imagens do Hubble revelam atividade turbulenta no núcleo galáctico. Aglomerados de jovens estrelas azuis formam um anel ao redor do centro. Esse berçário de estrelas tem um diâmetro de cerca de 1.300 anos-luz. Longos fios de poeira aparecem em silhueta de encontro ao núcleo amarelado, que é composto por estrelas mais velhas.
Fonte: HubbleSite

Estrelas duplas que estão prestes a explodir

Pesquisadores que rastreavam estrelas supervelozes que estão escapando da Via-Láctea anunciam que a busca também revelou uma dezena de sistemas de estrelas duplas, metade dos quais pode explodir como supernovas num futuro astronomicamente próximo.
estrelas duplas
© CfA (ilustração da transferência de massa em estrelas duplas)
Todas as estrelas binárias recém-descobertas consistem em pares de anãs brancas. Uma anã branca é o núcleo que resta depois que uma estrela semelhante ao Sol expele suas camadas externas e morre. Essas estrelas são muito densas, reunindo uma massa próxima à do Sol num volume comparável ao da Terra.
"Esses são sistemas bizarros: objetos do tamanho da Terra que orbitam um ao outro a uma distância menor que o raio do Sol", disse o astrônomo Warren Brown, principal autor dos dois artigos científicos que descrevem as descobertas, do Centro de Astrofísica Harvrad-Smithsonian.
As anãs brancas descobertas nessa pesquisa são leves em comparação com a média da categoria, contendo apenas cerca de 20% da massa do Sol. São feitas quase que inteiramente de hélio, ao contrários das anãs brancas normais, compostas de carbono e oxigênio. Essas estrelas estão em órbitas tão curtas que forças de maré causaram grandes perdas de massa
Ao orbitar tão perto uma da outra, as anãs brancas afetam o espaço-tempo, criando ondas gravitacionais. Essas ondas carregam a energia orbital para longe, fazendo com que os astros se aproximem cada vez mais. Metade dos sistemas acabará numa fusão do par de astros. Uma das duplas vai se fundir dentro de 100 milhões de anos.
Quando duas anãs brancas se fundem, a massa combinada pode causar a detonação de uma supernova Tipo Ia. A equipe de Brown sugere que os sistemas binários descobertos podem ser uma das fontes das chamadas supernovas subluminosas, um tipo raro de explosão estelar que tem apenas 1% da intensidade de uma supernova do Tipo Ia.
Fonte: Harvard-Smithsonian Center For Astrophysics

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Mineral extraterrestre vindo do asteroide Itokawa

A cápsula da sonda japonesa Hayabusa após retorno à Terra revelou através de miscroscópio eletrônico a existência de 1.500 partículas de poeira do asteroide Itokawa, a maioria medindo menos do que 10 micrômetros de diâmetro.
asteroide Itokawa
© JAXA (asteroide Itokawa)
A poeira no interior da cápsula pertence ao asteroide por causa da abundância relativa dos elementos químicos e dos minerais presentes nos grãos e da consistência dos dados coletados pelos outros instrumentos científicos a bordo da sonda Hayabusa.
cápsula da sonda Hayabusa
© JAXA (cápsula da sonda Hayabusa)
Alguns minerais, como olivina e plagioclásio, são comuns na superfície da Terra, mas também são encontrados em meteoritos. Porém, a troilita, um sulfeto de ferro, não existe na superfície da Terra. A imagem a seguir mostra a poeira analisada pelo microscópio eletrônico.
poeira analisada pelo microscópio eletrônico
© JAXA (poeira analisada pelo microscópio eletrônico)
A análise dos minúsculos resíduos de poeira do asteroide demanda anos de estudos, em busca de informações sobre a formação do Sistema Solar.
Fonte: Japan Aerospace Exploration Agency

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A supernova SN 1979c parece ser um buraco negro em formação

Uma explosão estrelar vista há mais de 30 anos numa galáxia próxima parece ser na verdade um buraco negro recém-nascido.
M100 e SN1979c
© NASA (M100 e SN1979c)
Observações com raios-X sugerem que a supernova chamada SN 1979C é um buraco negro em formação, segundo uma equipe de astrônomos dos EUA e da Europa.
"Se nossa interpretação estiver correta, este é o exemplo mais próximo em que o nascimento de um buraco negro foi observado", disse Daniel Patnaude, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, em Massachusetts, um dos coordenadores do estudo.
O astrônomo amador Gus Johnson viu a supernova em 1979, na beira de uma galáxia chamada M100, e os astrônomos a observam desde então. A luz e os raios-X desse colapso levaram 50 milhões de anos para viajar até a Terra à velocidade da luz. ou seja, a cerca de 10 trilhões de km por ano.
O Observatório de Raios-X Chandra, da Nasa, o XMM-Newton, da ESA (agência espacial europeia), e o observatório Rosat, da Alemanha, viram a supernova emitir uma fonte constante de raios-X brilhantes.
A análise dos raios-X sustenta a ideia de que o objeto é um buraco negro, e que esteja sendo alimentado por material oriundo de uma supernova inicial, ou talvez de uma estrela-gêmea.
Os buracos negros podem se formar de várias formas, neste caso, por uma estrela com cerca de 20 vezes a massa do Sol se tornando uma supernova e então entrando em colapso e se tornando um objeto tão denso que é capaz de sugar tudo o que o cerca, até a luz.
Fonte: NASA

domingo, 14 de novembro de 2010

Rastro de poeira da Terra

O mergulho recente do Telescópio Espacial Spitzer no rastro de poeira que o planeta Terra deixa no espaço gerou dados que poderão ajudar cientistas a encontrar planetas em órbita de outras estrelas.
anel de poeira da Terra
© NASA (anel de poeira da Terra)
A imagem mostra o anel de poeira da Terra, como pareceria visto de fora do Sistema Solar; e as cores indicam densidade.
Os planetas em sistemas solares distantes provavelmente tem rastros semelhantes. E, em algumas circunstâncias, essa poeira pode ser mais fácil de detectar que o próprio planeta.
A Terra tem um rastro de poeira não porque está soltando partículas no espaço, mas porque o Sistema Solar é, em si, um lugar empoeirado.
O espaço interplanetário está repleto de fragmentos de colisões de asteroides. Quando a  Terra passa por um ambiente carregado de poeira, uma cauda se forma atrás do planeta.
À medida que a Terra orbita o Sol, ela cria uma espécie de concha, ou depressão, na qual as partículas de poeira caem, criando uma aglomeração de poeira, espécie de uma cauda, que a Terra puxa atrás de si, por intermédio da gravidade. O rastro segue o planeta em volta do Sol, criando um anel.
A observação feita pelo Spitzer ajudou astrônomos a mapear a estrutura da cauda de poeira da Terra, e calcular como devem ser as caudas de outros planetas.
Fonte: NASA