terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Enxergando a sombra de um buraco negro

Um projeto que está agrupando imagens do centro da Via Láctea obtidas por mais de 70 telescópios ao redor do mundo estima que em 2015 terá capacidade para atingir um feito sem precedentes: observar um buraco negro.

ilustração de um buraco negro e seu horizonte de eventos

© MIT (ilustração de um buraco negro e seu horizonte de eventos)

Batizado de Event Horizon Telescope, o plano começou a ser posto em prática em 2007 ainda sem perspectiva de quando essa meta poderia ser atingida. Foi num encontro no Arizona, na semana passada, que astrônomos se deram conta de que o objetivo não está longe.

A meta dos cientistas é fotografar o buraco negro gigante, que provavelmente exista no centro da nossa galáxia, em Sagitarius A.

O movimento da matéria superaquecida nessa região leva a crer que ela abriga um objeto desses, com uma massa de 4 milhões de vezes a do Sol. Essa matéria tumultuada no centro da galáxia, porém, é difícil de ver.

A única maneira prática para se observar o núcleo da Via Láctea, na verdade, é com telescópios que detectam ondas de rádio, em vez de luz comum.

Como elas possuem uma frequência muito menor, atravessam concentrações de matéria com mais facilidade e chegam até a periferia da galáxia, onde fica a Terra.

Um único radiotelescópio, porém, não conseguiria ver tão distante. "Seria como tentar observar uma laranja na superfície da Lua", diz Dan Marrone, da Universidade do Arizona, um dos coordenadores do projeto.

A ideia, então, é agrupar dados de 11 arranjos diferentes de radiotelescópios no Chile, na Califórnia, no Havaí, na Espanha, no México, na França e no Arizona.

Juntos, eles conseguirão ter sensibilidade suficiente para enxergar a sombra do "horizonte de eventos" do buraco negro, a região onde ele começa a engolir a luz.

"Os primeiros dados, com parte dos telescópios, sugerem que há no centro da galáxia uma estrutura menor do que pensávamos. Ainda assim, é grande o suficiente para que o projeto consiga vê-la no futuro", diz Marrone.

Fonte: Daily Galaxy

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A estrela Polar está diminuindo

A estrela Polar (Polaris), astro celeste que foi usada durante séculos pelos navegadores como uma bússola natural sempre apontando o norte, pode estar diminuindo lentamente.

estrela Polaris

© NASA/Hubble (estrela Polaris)

É a conclusão de uma análise de mais de 160 anos de observações, reunidas por pesquisadores da Universidade de Bonn, Alemanha. Os dados sugerem que a estrela está perdendo, por ano, uma massa equivalente à do planeta Terra. O estudo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters.

A estrela Polar é a mais brilhante da constelação Ursa Menor, visível apenas no Hemisfério Norte. O astro fica a cerca de 400 anos-luz da Terra e está alinhada diretamente com o eixo de rotação da Terra acima do Polo Norte. Por causa disso, todas as estrelas do Hemisfério Norte aparentam girar em volta dela. Essa característica a faz um excelente ponto de referência para desenhar medidas para navegação e astrometria.

Os pesquisadores mediram a massa da estrela Polar monitorando o brilho do astro. E a análise mostrou que o brilho da estrela não tem sido constante nos últimos 160 anos. A única explicação encontrada pela equipe do astrofísico Hilding Neilson para explicar o descompasso é que a estrela Polar estaria perdendo massa equivalente à da Terra todos os anos. Só assim as equações de cálculo para a massa da estrela fazem sentido.
Neilson explica que a perda de massa da estrela Polar é, provavelmente, um episódio temporário na vida da estrela. O evento não vai afetar seu ciclo natural de existência. Mesmo que o astro desapareça em um futuro distante, o Polo Norte terá outra estrela Polar num futuro igualmente distante, devido ao movimento do cosmos: a estrela Alrai, localizada a 45 anos-luz da Terra, deve concluir o alinhamento com o Polo Norte da Terra por volta do ano 3.000.

Fonte: Veja

domingo, 29 de janeiro de 2012

A nuvem molecular Barnard 68

Para onde foram todas as estelas? O que causou o que pode ser considerado como um buraco no céu é agora conhecido pelos astrônomos como um nuvem molecular escura.

nuvem molecular Barnard 68

© ESO (nuvem molecular Barnard 68)

Aqui, a alta concentração de poeira e gás molecular absorve praticamente toda a luz visível emitida pelas estrelas de fundo. O em torno estranhamente escuro ajuda a fazer do interior das nuvens moleculares alguns dos locais mais frios e isolados no universo. Uma dessas nebulosas de absorção escuras mais notável é uma nuvem que fica na direção da constelação de Ophiucus e é conhecida como Barnard 68 e pode ser vista na imagem acima. Não existem estrelas visíveis em seu centro indicando que a Barnard 68 é relativamente próxima, localizando-se a aproximadamente 500 anos-luz de distância e tendo meio ano-luz de largura. Não se sabe exatamente como as nuvens moleculares como  a Barnard 68 se formam, mas sabe-se que essas nuvens são por si só locais muito favoráveis para o nascimento de novas estrelas. De fato, a Barnard 68 por si só tem sido especulada como sendo uma nuvem que irá provavelmente colapsar e formar um novo sistema planetário. Isso pode ser observado na imagem em infravermelho apresentada a seguir.

Barnard 68 em infravermelho

© ESO (Barnard 68 em infravermelho)

Fonte: NASA

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A supernova SN 2012A e a galáxia NGC 3239

Com aproximadamente 40.000 anos-luz de diâmetro, a bela e irregular galáxia NGC 3239 localiza-se perto do centro desse campo repleto de galáxias na constelação do Leão.

NGC 3239 e SN 2012A

© Adam Block (NGC 3239 e SN 2012A)

A uma distância de 25 milhões de anos-luz, ela domina a imagem acima, mostrando estruturas arranjadas de forma peculiar, jovens aglomerados estelares azuis e regiões de formação de estrelas, sugerindo que a NGC 3239, também conhecida como ARP 263 é o resultado de um processo de fusão entre galáxias. Aparecendo perto do topo da bela galáxia está uma brilhante estrela pertencente à Via Láctea que aparece em primeiro plano, quase que diretamente alinhada com o nosso ângulo de visão da NGC 3239. A NGC 3239 ainda é notável por hospedar a primeira supernova identificada em 2012, designada de SN 2012A. Ela foi descoberta no começo do mês de janeiro pelos caçadores de supernovas Bob Moore, Jack Newton e Tim Puckett. Indicada pelas setas em vermelho na imagem, a supernova SN 2012A está um pouco abaixo e a direita da brilhante estrela de primeiro plano. Claro que com base no tempo de viagem da luz oriunda da NGC 3239, a explosão da supernova ocorreu a 25 milhões de anos atrás, disparada pelo colapso do núcleo de uma estrela massiva.

Fonte: NASA

Descobertos 26 novos exoplanetas

A NASA (agência espacial norte-americana) anunciou a descoberta de 26 novos planetas fora do Sistema Solar.

órbita dos sistemas planetários kleperianos

© NASA (órbita dos sistemas planetários kleperianos)

O achado quase dobra o número de exoplanetas confirmados pela missão Kepler, lançada em março de 2009 para vasculhar uma faixa do espaço em busca de planetas que possam reunir as condições para abrigar vida.
Os novos astros formam ao todo 11 sistemas planetários diferentes. Eles têm tamanhos variados: alguns são maiores que Júpiter, outros têm um raio pouco maior que o da Terra. Observações futuras irão revelar se os 15 menores possuem um núcleo rochoso como o do nosso planeta.
Os planetas ficam perto das estrelas que orbitam e levam de seis até, no máximo, 143 dias para completar uma volta ao redor delas. Cada sistema planetário tem, no mínimo, dois astros e, no máximo, cinco planetas.
Atualmente, são conhecidos mais de 700 exoplanetas. A contagem começou em 1995, quando o primeiro planeta a girar ao redor de uma estrela diferente do Sol foi desvendado.
Desde o início da missão Kepler, 61 exoplanetas foram detectados e confirmados. Ainda esperam por confirmação mais de 2,3 mil astros. A verificação para saber se algum sinal recebido pela sonda é ou não de um exoplaneta é feita por telescópios na Terra.
A sonda investiga alterações no brilho de 150 mil estrelas localizadas em uma região vasta do espaço entre as constelações da Lira e do Cisne. Essas mudanças podem ser provocadas pela passagem de um planeta à frente da estrela observada.

Fonte: Astrophysical Jounal

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Corrente de estrelas de uma galáxia anã

Localizada a 12,5 milhões de anos-luz de distância da Terra, a galáxia irregular anã, conhecida como NGC 4449 situa-se dentro da constelação de Canes Venatici (Cães de Caça).

galáxia NGC 4449

© R Jay Gabany (galáxia NGC 4449)

Com um tamanho aproximadamente semelhante ao da galáxia satélite da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães, a NGC 4449 está passando por um intenso processo de formação de estrelas, que é evidenciado pelos jovens aglomerados de estrelas azuis, pelas regiões rosadas de formação de estrelas e pelas nuvens de poeira obscuras que aparecem com clareza na imagem acima. Essa galáxia também tem a distinta característica de ser a primeira galáxia anã com uma corrente de estrelas de marés identificada, como pode ser visto de maneira apagada na parte inferior direita da imagem. Essa corrente de estrelas, que possui estrelas gigantes vermelhas, representa a parte remanescente de uma galáxia satélite ainda menor, corrompida pela força gravitacional e destinada a se fundir com a NGC 4449. Com uma quantidade relativamente pequena de estrelas acredita-se que as galáxias menores possuam extensos halos de matéria escura. Mas como a matéria escura interage gravitacionalmente, essas observações oferecem a oportunidade de examinar a significante função da matéria escura nos eventos de fusão de galáxias. A interação provavelmente é responsável  pela explosão de novas estrelas na NGC 4449 e descreve como as galáxias pequenas são montadas durante o tempo.

Fonte: NASA

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Formação estelar intensa travada abruptamente por buracos negros

Utilizando o telescópio APEX, uma equipe de astrônomos descobriu a melhor relação encontrada até hoje entre os mais intensos episódios de formação estelar no Universo primordial e as galáxias de maior massa que se observam atualmente.

formação de estrelas em galáxias distantes

© ESO/APEX (formação de estrelas em galáxias distantes)

As galáxias, em pleno crescimento devido a fortes episódios de formação estelar no Universo primitivo, viram o nascimento de novas estrelas parar abruptamente, deixando-as como galáxias de elevada massa, mas passivas, com estrelas envelhecidas no Universo atual. Os astrônomos pensam ter encontrado o provável responsável desta súbita parada na formação estelar: o surgimento de buracos negros supermassivos.

Os astrônomos combinaram observações da câmera LABOCA, instalada no telescópio APEX (Atacama Pathfinder Experiment) de 12 metros, operado pelo ESO, com medições feitas com o VLT (Very Large Telescope) também do ESO, o telescópio espacial Spitzer da NASA e outros, para observar como é que galáxias brilhantes e muito distantes se juntam para formar grupos e aglomerados.

Quanto mais compacto é o grupo ou aglomerado de galáxias, mais massa têm os seus halos de matéria escura - o material invisível que compõe a maior parte da massa da galáxia. Os novos resultados obtidos são as medições mais precisas que temos sobre o modo de formação de aglomerados para este tipo de galáxias.

As galáxias estão tão distantes que a sua luz demorou cerca de dez bilhões de anos para chegar até à Terra, por isso são observadas tal como eram há cerca de dez bilhões de anos atrás. Nesta imagem do Universo primordial na região da Constelação Fornax as galáxias estão sujeitas ao tipo de formação estelar mais intensa que se conhece, a chamada formação estelar explosiva.

Ao medir as massas dos halos de matéria escura em torno das galáxias e utilizando simulações de computador para estudar como é que estes halos crescem com o tempo foi possível descobrir que estas galáxias distantes com formação explosiva de estrelas no cosmos primitivo transformam-se eventualmente em galáxias elípticas gigantes - as galáxias de maior massa existentes no Universo atual.

“Esta é a primeira vez que conseguimos mostrar de maneira clara a relação que existe entre as galáxias mais energéticas que apresentam formação estelar explosiva no Universo primordial e as galáxias de maior massa presentes no Universo atual,” explica Ryan Hickox (Darthmouth College, EUA e Durham University, RU), o cientista que lidera a equipe.

Adicionalmente, as novas observações indicam que a formação estelar explosiva nestas galáxias distantes durou meros 100 milhões de anos - um tempo muito curto em termos cosmológicos - no entanto, durante este breve período, a quantidade de estrelas nas galáxias duplicou. A parada abrupta deste crescimento tão rápido corresponde a outro episódio na história das galáxias, o qual não se compreende ainda muito bem.

“Sabemos que as galáxias elípticas de elevada massa pararam de produzir estrelas de modo súbito há muito tempo atrás, encontrando-se agora bastante passivas. Os cientistas tentam imaginar o que poderia ser suficientemente poderoso para conseguir desligar a formação estelar explosiva duma galáxia inteira,” diz Julie Wardlow (University of California, Irvine, EUA e Durham University, RU), um membro da equipe.

Os resultados da equipe apontam para uma possível explicação: nessa fase da história do cosmos, as galáxias com formação estelar explosiva aglomeram-se de modo muito semelhante aos quasares, o que indica que estes últimos são encontrados nos mesmos halos de matéria escura. Os quasares estão entre os objetos mais energéticos do Universo - faróis galácticos que emitem intensa radiação, alimentados por um buraco negro supermassivo situado nos seus centros.

Existem cada vez mais evidências que sugerem que a formação estelar explosiva intensa alimenta também o quasar, com enormes quantidades de matéria a serem sugadas pelo buraco negro. O quasar, por sua vez, emite enormes quantidades de energia que provavelmente limparão o restante do gás da galáxia - a matéria prima necessária à formação de novas estrelas - travando assim de maneira eficaz a fase de formação estelar.

“Em poucas palavras, a intensa formação estelar dos dias de glória das galáxias acabou também por ser a sua perdição ao alimentar os buracos negros nos seus centros, os quais rapidamente limpam ou destroem as nuvens de formação estelar,” explica David Alexander (Durham University, RU), um membro da equipe.

Fonte: ESO

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Cruz de Einstein

A imagem a seguir feita pelo telescópio espacial Hubble sugere que a galáxia conhecida como UZC J224030.2+032131 tem cinco diferentes núcleos!

Cruz de Einstein

© Hubble (Cruz de Einstein)

Porém, o núcleo da galáxia é somente o objeto mais apagado e difuso no centro da estrutura em forma de cruz formada por quatro outros pontos, que são na verdade imagens de um quasar distante localizado em segundo plano com relação à galáxia.

A essa combinação de objetos que na verdade tem uma galáxia e uma miragem de um quasar, se dá o nome de Cruz de Einstein, e nada mais é do que a confirmação visual da Teoria Geral da Relatividade. Esse é um dos melhores exemplos do fenômeno conhecido como lente gravitacional, ou seja, a inclinação da luz pela gravidade como previsto por Einstein no início do século passado. Nesse caso, a poderosa gravidade da galáxia age como uma lente distorcendo e amplificando a luz do quasar situado atrás dela, produzindo quatro imagens do distante objeto.

O quasar está a uma distância aproximada de 11 bilhões de anos-luz na direção da constelação de Pegasus, enquanto que a galáxia que funciona como a lente está aproximadamente 10 vezes mais perto. O alinhamento entre os dois objetos é impressionante, dentro de 0.05 arcos de segundo, e principalmente esse alinhamento é o responsável para que esse tipo de lente gravitacional seja observada.

Essa imagem é provavelmente a mais nítida já feita da Cruz de Einstein e foi produzida pela Wide Field and Planetary Camera 2 do Hubble. O campo de visão da imagem é de 26 por 26 arcos de segundo.

Fonte: ESA

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Redemoinhos numa galáxia espiral barrada

A imagem abaixo mostra a forma de roda da galáxia NGC 2217, na constelação de Canis Major (Cão Maior).

galáxia NGC 2217

© ESO (galáxia NGC 2217)

Na região central da galáxia está uma barra constituída de estrelas dentro de um anel oval. Mais adiante, um conjunto de braços espirais formam um anel circular ao redor da galáxia. A NGC 2217 é, portanto, classificada como uma galáxia espiral barrada, e sua aparência circular indica que a vemos quase de frente.
Os braços espirais exteriores têm uma cor azulada, indicando a presença estrelas jovens, luminosas e quentes, nascidas fora das nuvens de gás interestelar. O bojo central e barra apresentam uma aparência amarelada, devido à presença de estrelas mais velhas. Estrias escuras também podem ser vistas em alguns locais dos braços da galáxia e do bojo central, onde a poeira cósmica bloquea algumas das estrelas.
A maioria das galáxias espirais no Universo local - incluindo a nossa Via Láctea - paracem ter uma barra de algum tipo, e estas estruturas desempenham um papel importante no desenvolvimento de uma galáxia. Elas podem, por exemplo, canalizar o gás em direção ao centro da galáxia, ajudando no abastecimento de um buraco negro central, ou para formar novas estrelas.

Fonte: ESO

sábado, 21 de janeiro de 2012

Exoluas podem ser comuns no Universo

Segundo um novo estudo, cerca de um a cada dez planetas rochosos que ficam em torno de estrelas como o nosso Sol pode hospedar uma lua proporcionalmente tão grande quanto à da Terra.

impacto de uma exolua com um exoplaneta

© SPL (impacto de uma exolua com um exoplaneta)

Antes, os cientistas achavam que a nossa lua era desproporcionalmente grande (mais de um quarto do diâmetro da Terra), e que isso era raro. Agora, através de simulações computacionais de formação de planetas, os pesquisadores mostraram que os impactos grandiosos que resultaram na nossa Lua podem ser na verdade comuns.

Os cientistas criaram uma série de simulações para observar como os planetas se formam a partir de gases e pedaços de rocha, chamados planetesimais.

A teoria mais comum é de que nossa Lua se formou no início da história da Terra, quando um planeta do tamanho de Marte se chocou conosco, resultando em um disco de material fundido que rodeia a Terra (eventualmente esse material se uniu para formar a Lua como a conhecemos).

A equipe usou os resultados do estudo inicial para descobrir a probabilidade de eventos de grande impacto formarem grandes satélites da mesma forma. Os resultados mostram que há uma probabilidade de 8,33% de gerar um sistema composto por um planeta com mais da metade da massa da Terra e uma lua com mais da metade da nossa Lua.

Os resultados também podem ajudar a identificar outros planetas favoráveis à vida. Sebastian Elser, da Universidade de Zurique, disse que as novas estimativas para a probabilidade de satélites como a Lua poderiam ser úteis na procura de planetas fora do Sistema Solar. Essas grandes luas podem confundir as medidas na descoberta de planetas; sabendo que os satélites de grande porte podem ser comuns essas medições tornam-se mais favoráveis.

Além disso, a nossa Lua estabiliza a sua obliquidade, ou seja, a inclinação do eixo da Terra, que poderia variar drasticamente em tempos relativamente curtos, que por sua vez causaria mudanças na forma como o calor do Sol é distribuído em todo o planeta.

Portanto, a presença da Lua proporciona um ambiente mais estável em que a vida possa evoluir.

Já o especialista em formação de planetas Eiichiro Kokubo alerta que devemos tomar cuidado com o novo estudo. Segundo ele, há vários parâmetros ainda desconhecidos que afetam grandemente a formação e evolução lunar e, consequentemente, a probabilidade de um planeta hospedar uma grande lua.

Por exemplo, ainda é impossível colocar números nos efeitos de um planeta antes do impacto, ou como o disco de material é formado e evolui depois desse impacto. “Eu acho que devemos assumir o estudo como uma possível ideia, um cálculo com base no que sabemos sobre a formação de planetas terrestres e luas atualmente”, explica Kobuko.

Fonte: Scientific American

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Novas cores da Nebulosa da Hélice

O telescópio VISTA do ESO instalado no Observatório do Paranal no Chile, obteve a bela imagem abaixo da Nebulosa da Hélice.

© ESO (Nebulosa da Hélice)

Esta fotografia tirada no infravermelho revela filamentos de gás frio nebular, que seriam invisíveis em imagens obtidas no óptico, ao mesmo tempo que nos mostra um fundo rico em estrelas e galáxias.

A Nebulosa da Hélice é um dos mais próximos e interessantes exemplos de nebulosas planetárias. As nebulosas planetárias não têm nenhuma relação com planetas. Este nome confuso apareceu porque muitas delas apresentam pequenos discos brilhantes quando observadas no visível, parecendo por isso os planetas exteriores do Sistema Solar, tais como Urano e Netuno. A Nebulosa da Hélice, que também tem o número de catálogo NGC 7293, é incomum porque aparece muito grande mas também muito tênue quando observada através de um pequeno telescópio.

A Nebulosa da Hélice  situa-se na constelação do Aquário, a cerca de 700 anos-luz de distância. Este estranho objeto formou-se quando uma estrela como o Sol se encontrava na fase final da sua vida. Incapaz de manter as camadas exteriores, a estrela libertou lentamente conchas de gás que formaram a nebulosa, transformar-se agora numa anã branca, que se observa no centro da imagem como um pequeno ponto azul .

A nebulosa propriamente dita é um objeto complexo composto de poeira, material ionizado e gás molecular, dispostos num belo e intricado padrão em forma de flor, que brilha intensamente devido à radiação ultravioleta emitida pela estrela quente central.

O anel principal da Hélice tem cerca de dois anos-luz de diâmetro, o que corresponde a cerca de metade da distância entre o Sol e a estrela mais próxima. No entanto, material da nebulosa expande-se desde a estrela até pelo menos quatro anos-luz, o que se vê particularmente bem nesta imagem infravermelha, uma vez que o gás molecular vermelho pode ser observado em praticamente toda a imagem.

Embora difícil de observar no visível, o brilho emitido pelo gás da nebulosa, que se expande em camadas finas tênues, é facilmente captado pelos detectores especiais do VISTA, os quais são muito sensíveis à radiação infravermelha. O telescópio de 4,1 metros consegue também detectar uma quantidade impressionante de estrelas e galáxias de fundo.

O telescópio VISTA do ESO revela igualmente a estrutura fina dos anéis da nebulosa. A radiação infravermelha mostra-nos de que modo o gás molecular mais frio está organizado. O material agrega-se em filamentos que se estendem do centro para o exterior, fazendo com que toda a imagem se pareça com  fogos de artifício celestiais.

Embora pareçam muito pequenos, estes filamentos de hidrogênio molecular, conhecidos como nós cometários, são do tamanho do nosso Sistema Solar. As moléculas que os compõem conseguem sobreviver num ambiente de radiação altamente energética emitida pela estrela moribunda precisamente porque se agregam nestes nós, que por sua vez são bloqueados pela poeira e gás molecular. Não sabemos muito bem como é que se formaram estes nós cometários.

Fonte: ESO

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Intensa formação estelar na constelação do Cisne

Uma equipe de astrônomos do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) detectou uma zona com um grande aglomerado de jatos, que indicam um local de intensa formação estelar. O local observado fica na direção da constelação do Cisne, próximo da estrela Deneb.

jatos de formação estelar e protoestrelas

© CAUP/Jorge Grave (jatos de formação estelar e protoestrelas)

As estrelas nascem em grandes aglomerados de gás e poeira, também conhecidos por nebulosas moleculares. Quando o gás se começa a contrair por efeito da gravidade, nasce uma nova estrela. No entanto, pouco depois de se acenderem, estas estrelas jovens (ou protoestrelas) estão ainda escondidas pelo gás e poeira da nebulosa que lhes deu origem.

Mas as protoestrelas continuam ainda atraindo material do disco que sobrou em sua volta. Ao interagir com os fortes campos magnéticos da estrela, a matéria do disco pode ser acelerada até velocidades supersônicas, e acaba por ser ejetada pelos polos.

As violentas ondas de choque destes jatos bipolares (são emitidos a partir de ambos os polos) com o meio interestelar acabam por comprimir o gás que o compõe, formando moléculas de hidrogênio, que brilham intensamente na banda do infravermelho. Estes jatos bipolares são por isso autênticos faróis que assinalam a presença de estrelas recém-nascidas.

Na banda do infravermelho, é possível ainda observar por intermédio das zonas escuras, para ver as estrelas recém-formadas. E com observações feitas com auxílio do telescópio espacial Spitzer da NASA e pelo telescópio Zeiss de 3,5 metros de Calar Alto, os astrônomos do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) detectaram um imenso aglomerado de jatos e respectivas protoestrelas.

Jorge Grave, um dos pesquisadores do CAUP, comentou: “O que torna esta imagem especial é o fato de nela vermos uma concentração de dezenas de jatos numa região relativamente reduzida. Como os jatos são característicos de uma etapa do processo de formação estelar, podemos inferir que todas as estrelas responsáveis pela libertação desses jatos estão no mesmo estágio de evolução e provavelmente se formaram simultaneamente”.

Para obter esta imagem foi necessário captar toda a enorme nebulosa, o que resultou em várias centenas de imagens. Estas foram depois analisadas individualmente pela equipe, até finalmente chegarem a uma imagem pormenorizada, onde os jatos de formação estelar aparecem em verde, enquanto as protoestrelas aparecem em vermelho.

Fonte: CAUP

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Nova visão da Nebulosa da Águia

Dois telescópios europeus obtiveram um novo registro mais detalhado exibindo o interior da Nebulosa da Águia.

Nebulosa da Águia

© Herschel e XMM-Newton (Nebulosa da Águia)

Esta imagem composta a partir dos telescópios espaciais da ESA, o Herschel em infravermelho e o XMM-Newton em raios-X, permitindo observar o interior dos pilares. Eles mostram como as estrelas quentes jovens detectadas pelas observações de raios-X estão conquistando cavidades nesta escultura e interagindo com o ambiente de gás ultra-frio e poeira.
Esta bela região provavelmente já foi destruída por uma supernova 6.000 anos atrás. Mas por causa da distância, não temos visto isto acontecer ainda.
A Nebulosa da Águia, catalogada como M16, está a 6.500 anos-luz de distância, na constelação da Serpente. Ela contém um aglomerado de estrelas jovens e quentes, a NGC 6611, que é visível com um modesto telescópio. Esse aglomerado está iluminando o gás e poeira circundante, resultando em uma cavidade oca enorme e pilares, cada um com vários anos-luz de comprimento.

Pilar da Criação

© Hubble (Pilar da Criação)

A imagem do Hubble se tornou famosa em 1995. Mostrava o nascimento de estrelas em "incubadoras" que lembram a "pilares" formados por gás hidrogênio e poeira estelar, também conhecidos como "Pilares da Criação". Entretanto, por causa da poeira obscurecendo, a imagem no óptico do Hubble não foi capaz de ver o interior e provar que as estrelas jovens estavam de fato se formando.
A nova imagem mostra que as estrelas quentes e jovens são responsáveis ​​por esculpir os pilares. Foi também utilizado dados de imagens em infravermelho próximo do VLT (Very Large Telescope) do Observatório Europeu do Sul (ESO) no Paranal, Chile, e da luz visível do telescópio Max Planck Gesellschaft de 2,2 de diâmetro em La Silla, Chile. Todas as imagens individuais estão abaixo:

composição do aglomerado M16

© ESA (composição do aglomerado M16)

No início, imagens do infravermelho médio do Infrared Space Observatory da ESA e observaório espacial Spitzer da NASA, e dados do XMM-Newton, levaram os astrônomos a suspeitar que uma das estrelas mais massivas e quentes na NGC 6611 pode ter explodido numa supernova 6.000 anos atrás, emitindo uma onda de choque que destruiu os pilares. Mas a destruição apenas poderá ser vista depois de centenas de anos.

Fonte: ESA

O núcleo da galáxia M100

O objeto Messier 100 (M100), é um exemplo perfeito de uma galáxia espiral  em toda a sua plenitude, onde é possível ver com clareza e com ótima definição os braços espirais que a constituem.

© NASA/ESA (núcleo da galáxia M100)

Essas estruturas empoeiradas circulam ao redor do núcleo da galáxia e são marcadas por muitas atividades de formação de estrelas que pontuam a galáxia M100 com estrelas brilhantes azuis e de grande massa.

A imagem acima foi feita pelo telescópio espacial Hubble, sendo considerada a imagem mais detalhada desse objeto já feita até o momento, mostrando o brilhante núcleo da galáxia e as partes mais internas de seus braços espirais. A galáxia M100 tem um núcleo galáctico constituído por um buraco negro supermassivo que está ativamente engolindo material. Este material emite uma radiação brilhante enquanto cai em direção ao núcleo do buraco negro.

Os braços espirais da galáxia também hospedam buracos negros menores, incluindo o buraco negro mais jovem conhecido até hoje na nossa vizinhança cósmica, resultado de uma supernova que foi observada em 1979.

A galáxia M100 está localizada na direção da constelação de Coma Berenices, a uma distância aproximada de 50 milhões de anos-luz.

Fonte: ESA

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Supernova Primo: além da fronteira

A supernova SN Primo é a mais distante supernova tipo Ia espectroscopicamente confirmada.

descoberta da supernova SN Primo

© NASA/ESA (descoberta da supernova SN Primo)

Quando a estrela progenitora explodiu cerca de 9 bilhões de anos atrás, a SN Primo enviou sua brilhante fonte de luz ao longo do tempo e do espaço que pode ser captada pelo telescópio espacial Hubble.

Ao dividir sua luz em cores constituintes, os pesquisadores podem verificar a sua distância por redshift e ajudar os astrônomos a entender melhor não só o Universo em expansão, mas também a natureza da energia escura que impulsiona a aceleração cósmica.

As supernovas do tipo Ia se originam a partir de estrelas anãs brancas que têm recolhido um excesso de material de suas companheiras e explodem. Devido à sua natureza remota, elas têm sido utilizadas para medir grandes distâncias com uma precisão aceitável.

"Em nossa busca de supernovas, é apenas o começo do que podemos fazer em luz infravermelha", disse Adam Riess, laureado com o Nobel de Física de 2011 e pesquisador principal do projeto, no Space Telescope Science Institute e da Universidade Johns Hopkins em Baltimore.
No entanto, a descoberta de uma supernova como a SN Primo não ocorre da noite para o dia. Depois de captar o alvo evasivo em outubro de 2010, foi empregado o espectrômetro WFC3 (Wide Field Camera 3) para validar a distância da SN Primo e analisar os espectros para a confirmação de um evento de supernova tipo Ia. Uma vez verificado, a equipe continuou coletando dados durante os oito meses seguintes.

"Se olharmos para o Universo primordial e medir uma queda no número de supernovas, então pode ser que isso leva muito tempo para fazer uma supernova Tipo Ia", disse o membro da equipe Steve Rodney da Universidade Johns Hopkins.

Ao envolver o Hubble neste tipo de censo, os astrônomos esperam ainda mais sua compreensão de como tais eventos são criados.

Fonte: Space Telescope Science Institute